Título: BNDES reduz custo de financiamento para setor elétrico
Autor: Schüffner, Cláudia
Fonte: Valor Econômico, 27/09/2006, Brasil, p. A4

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) mudou sua política operacional com o objetivo de baratear o custo da geração e transmissão de energia elétrica. O banco acabou com a exigência de ter 20% dos financiamentos para o setor indexados ao IPCA e agora todo o financiamento poderá ser corrigido pela Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que atualmente está em 7,5%. A medida pode servir como "empurrão" para investidores inscritos para participar do próximo leilão de energia nova, marcada para o dia 10 de outubro.

Segundo o diretor de Infra-estrutura do banco, Wagner Bittencourt, a medida deverá reduzir em 1,2% ao ano o custo total dos financiamentos. A previsão do banco é que os projetos terão redução média do custo financeiro nominal anual de 16,4% para 10,5% ao ano se incluídos todos os encargos financeiros que incidem sobre os financiamentos. "A mudança vai reduzir o custo dos investimentos em geração e transmissão de energia elétrica, o que vai dar mais competitividade e permitir a redução das tarifas", disse Bittencourt.

Atualmente o BNDES analisa pedidos de financiamento para quatro hidrelétricas, sendo três com concessões fornecidas no governo Fernando Henrique (as chamadas botox) e uma que recebeu concessão no último leilão de energia, que ocorreu em junho.

O diretor disse que a redução do custo financeiro dos empréstimo não adotada especificamente para o leilão de energia, mas admitiu que isso poderá fazer com que "os projetos com maior viabilidade consigam oferecer tarifas mais baixas para seus consumidores".

No leilão, as hidrelétricas tiveram preço máximo fixado em R$ 125 por megawatt hora (MWh), valor que sobe para R$ 140 por MWh para usinas térmicas. O teto foi considerado baixo pelo banco Crédit Suisse, que esperava reação negativa do mercado, já que a expectativa era de um preço máximo entre R$ 125 e R$ 135 por MWh.

Entre 2003 e 2006, o BNDES financiou 81 projetos de geração de energia que tiveram investimento total de R$ 21,8 bilhões, dos quais R$ 9,3 bilhões financiados pelo banco. Foram 19 hidrelétricas e quatro termoelétricas que juntos, têm capacidade instalada de gerar 11.300 MW. O banco também financiou com R$ 5,1 bilhões a construção de 21 linhas de transmissão e 16 linhas de distribuição que custaram R$ 8,2 bilhões.