Título: Prato feito encarece 8,38% em 12 meses
Autor: Nunes, Vicente
Fonte: Correio Braziliense, 04/11/2010, Economia, p. 22

Reajustes foram puxados, principalmente, pelo feijão-carioquinha (alta de até 76%) e pela carne bovina. Preços dos alimentos ainda continuarão azedando humor dos brasileiros

Os brasileiros que não abrem mão de um bom prato feito, com arroz, feijão, bife e salada, sentiram um peso no estômago nos últimos 12 meses. Dados levantados pela Fundação Getulio Vargas (FGV) mostram que, entre novembro do ano passado e outubro de 2010, o conjunto desses produtos ficou, na média, 8, 38% mais caro, superando, de longe, a inflação total do período, de 5,14%. Ou seja, houve um aumento real de 3,08% do prato feito.

Segundo André Braz, economista da FGV, o que mais pesou no bolso dos consumidores foi o feijão-carioquinha, com reajuste de 76,76%. Já o contra-filé ficou 14,97% mais caro e o quilo da alcatra, 13,44%. Para ele, houve uma combinação negativa que levou a esse resultado: um período mais prolongado da seca, que reduziu a pastagem do gado; uma demanda mais forte, já que a população está com mais dinheiro no bolso; e o aumento dos custos de produção para os agricultores.

A expectativa, daqui por diante, é de que, com a volta das chuvas e a recomposição das pastagens, os preços da carne caiam ou subam menos. No caso do feijão, porém, a situação continuará complicada, pois houve quebra de safra, por causa do excesso de chuvas no interior da Bahia. Para piorar, o feijão-preto, que poderia ser uma alternativa ao carioquinha, está no período de entressafra.

A FGV informou ainda que, em outubro, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) registrou alta de 0,59% em outubro, acima do 0,46% de setembro. O resultado ficou dentro das estimativas do mercado, que variavam entre 0,55% e 0,67%. As altas foram lideradas pelo feijão-carioquinha (20,28%), pela batata-inglesa (13,73%) e pelo álcool combustível (7,01%). Em compensação, apontaram redução nos preços o mamão papaia (-15,32%), a manga (-21,57%) e a banana prata (-9,89%).

Das sete classes de despesas usadas para cálculo do IPC-S, seis apresentaram redução no ritmo de alta em relação à semana anterior (terminada em 22 de outubro). No grupo alimentação, o reajuste médio baixou de 1,51% para 1,38%; no habitação, houve desaceleração de 0,29% para 0,20%; no vestuário, de 0,60% para 0,58%, no saúde e cuidados pessoais, de 0,38% para 0,30%; no educação, leitura e recreação, de 0,24% para 0,14%; e, no de despesas diversas, de 0,23% para 0,19%. A única classe de despesa a mostrar aceleração de preços foi a de transportes, de 0,30% para 0,45%.

INDIGESTÃO

Preços dos alimentos preferidos dos brasileiros disparam

Produtos / Variação em 12 meses (Em %)

Arroz branco / 2,32 Feijão-carioquinha / 76,76 Feijão-preto 24,75 Contra-filé / 14,97 Alcatra / 13,44 Alface / -0,29 Tomate / -35,11 Reajuste médio / 8,38 Inflação (IPC-BR) / 5,14

Fonte: FGV