Título: Para CNI, câmbio, juros e pacotes ajudam economia em 2013
Autor: Villaverde , João
Fonte: Valor Econômico, 12/07/2012, Política, p. A6

Mesmo com a desvalorização do real em relação ao dólar, a queda dos juros e os sucessivos pacotes oficiais, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) avalia que a indústria brasileira somente vai reagir em 2013. A atividade deve melhorar nos próximos meses, mas não a ponto de produzir resultados fortes em 2012, cujo Produto Interno Bruto (PIB) crescerá 2,1%, e não mais 3%, como estimava a CNI.

O avanço do PIB será mais fraco por conta da indústria de transformação, que vai crescer apenas 1,6% (ante os 2% inicialmente previstos), segundo a CNI, que espera recuo no ritmo de avanço dos investimentos na economia, e projeta alta de apenas 2,5% entre 2011 e 2012 - há três meses, os economistas da entidade estimavam em 5,6% o avanço da Formação Bruta em Capital Fixo (FBCF), que mede os investimentos em bens de capital e construção civil.

"O segundo semestre será melhor que o primeiro para a indústria de transformação e para a economia, de modo geral, por conta dessa melhor combinação de câmbio e juros, e das medidas tomadas pelo governo recentemente, como a desoneração da folha de pagamento", disse Flávio Castelo Branco, gerente-executivo de política econômica da CNI, que ontem divulgou a revisão dos indicadores macroeconômicos previstos pela entidade.

"Os fundamentos vão bem, o que vai mal [na indústria] é a competitividade", disse Castelo Branco, para quem o impacto sobre a atividade de um real mais desvalorizado somente terá efeito pleno em 2013. Para o gerente executivo da CNI, as condições para a indústria somente vão efetivamente melhorar quando houver um "choque de competitividade", que poderia vir em função do aumento dos investimentos em infraestrutura. Castelo Branco ressaltou ainda que diante do pessimismo instaurado entre os produtores industriais, por conta do agravamento da crise econômica mundial, "a manutenção do emprego no país é surpreendente".

A CNI prevê que a taxa de desemprego terminará o ano em 5,5%, próximo do patamar de 5%, que, segundo os economistas da entidade, configura o cenário de pleno emprego. O ritmo do consumo das famílias continuará sendo a força motriz do PIB, com um avanço de 3,5%, estima Castelo Branco, que, no entanto, também revisou esse indicador -a projeção anterior era de alta de 4%.

Com uma atividade mais fraca, a CNI manteve em 5% a projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para o ano. O ritmo mais fraco da economia também levou a CNI a prever juros menores no país - os economistas revisaram de 9% ao ano para 7,5% ao ano sua estimativa para a Selic, a taxa básica de juros do país, em dezembro. Hoje, a Selic está em 8% ao ano, após o corte de 0,5 ponto percentual realizado ontem pelo Banco Central (BC).