Título: Ministro colide com PF na avaliação sobre grampos
Autor: Basile, Juliano
Fonte: Valor Econômico, 27/09/2006, Política, p. A9

Depois de conhecer o laudo da Polícia Federal, que concluiu pela inexistência de grampos nos telefones de três ministros do Tribunal Superior eleitoral, o presidente do TSE, ministro Marco Aurélio Mello, disse acreditar que os "criminosos" retiraram seus aparelhos de escuta e apagaram as pistas. "Faz de conta que não houve nada", ironizou. Para ele, o relatório da PF era "presumível". "A coisa veio à tona na sexta-feira (15 de setembro) e houve tempo para aqueles que colocaram (o grampo) retirarem", justificou.

O laudo da PF não coincide com o relatório da Fence - empresa contratada pelo TSE para fazer as varreduras. Enquanto a PF não encontrou indícios de grampo, a Fence apurou que três telefones foram alvos de escutas ilegais: o de Marco Aurélio e os dos ministros Cezar Peluso e Marcelo Ribeiro. Esses três ministros vêm se notabilizando pelo rigor nos julgamentos de irregularidades na propaganda eleitoral, principalmente em ações envolvendo a campanha de reeleição do presidente Lula.

Ontem, o delegado da PF, Emmanuel Henrique de Oliveira, teve um encontro com o diretor-geral do TSE, Athayde Fontoura Filho, para tratar do assunto. Na reunião, eles discutiram a tecnologia utilizada por ambos para apurar o grampo.

Marco Aurélio defendeu a empresa contratada pelo tribunal. "Uma empresa como essa, que presta serviços há algum tempo, não criaria nada sensacionalista", disse o presidente do TSE. "A presunção é de que nem todos são salafrários", completou. A Fence presta serviços de varredura para o tribunal há três anos. O TSE faz varreduras nos telefones dos ministros há 12 anos e nunca havia constatado a existência de grampos. (JB)