Título: Alckmin desqualifica resultados de sondagem
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 27/09/2006, Política, p. A10
O candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, desqualificou ontem a pesquisa do Instituto Sensus encomendada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT ), que aponta o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como vencedor no primeiro turno das eleições, no próximo domingo. A sondagem, entretanto, revela um crescimento de quase oito pontos da candidatura do tucano.
"Só falo de coisa séria. É um escândalo verdadeiro, é escandalosa. Anota esse número e confere domingo agora. Aí você vai ter a resposta", disse o candidato em referência à pesquisa divulgada ontem.
O tucano disse ainda estar confiante de que chegará ao segundo turno e vencerá a disputa. "O Lula não é candidato para segundo turno. Ele achou que ia ganhar no primeiro turno e vai ser derrotado no segundo turno", afirmou Alckmin. "Ele fica com essa história de que foi traído. Ele foi pego com a boca na botija".
Para Alckmin, o adversário petista está caindo em descrédito popular devido à série de escândalos que culminou com o caso do dossiê comprado por petistas e ex-integrantes do governo contra o candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra. "Há uma corrosão diária. Quem mais acredita no Lula?", questionou o candidato.
A aposta de Alckmin é de que a tendência de crescimento em torno de sua candidatura consolide o segundo turno. Para o tucano, "pesquisa não é eleição porque tem margem de erro". Além disso, na sua avaliação, as pesquisas recentes revelam que a sua candidatura é a única que tem ganho pontos. "O segundo turno está praticamente garantido", afirmou em entrevista gravada para uma rádio.
Para o prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), a pesquisa do Instituto Sensus é imprecisa, embora aponte para "uma direção certa". Segundo o prefeito, um dos fatores que contribuem para o quadro de segundo turno é o percentual de abstenções e de votos nulos e brancos, que seria de 25% e não em torno de 10%, como as pesquisas mostram.
Alckmin também criticou o fato de a Polícia Federal já ter informado que terá informações sobre a origem dos R$ 1,7 milhão que seriam usados para comprar o dossiê somente após o primeiro turno: "É um absurdo. O cronograma não pode ser eleitoral, não tem nada a ver com eleição. É óbvio que estão tentando esconder alguma coisa".
Durante entrevista para correspondentes estrangeiros, no Rio, o candidato disse que o PT roubou a esperança dos eleitores devido aos casos de corrupção. "Talvez uma das piores coisas que aconteceram na política brasileira foi o PT ter roubado a esperança do povo. Houve muita esperança e a gente sente na rua um enorme desencanto", afirmou.
O candidato do PSDB disse ainda que se antes o PT se dizia diferente dos outros partidos, agora quer mostrar que é igual. "Como eles não conseguem justificar esse verdadeiro assalto ao aparelho do Estado brasileiro, a tese é de que todo mundo é igual e que isso já aconteceu antes. Isso não é verdade, não somos iguais a eles", disse.