Título: Pesquisa mantém vitória de Lula em 1º turno
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 27/09/2006, Política, p. A10

A pesquisa CNT/Sensus divulgada ontem mostra que, apesar do escândalo do dossiê, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva continua com a perspectiva de ser reeleito em primeiro turno na disputa de domingo. O levantamento realizado entre os dias 22 e 24 de setembro mostrou Lula com 51,1% da intenção de voto, contra 27,5% de Geraldo Alckmin (PSDB), 5,7% de Heloísa Helena (P-SOL) e 1,4% de Cristovam Buarque (PDT). Brancos, nulos e indecisos somam 13,5%.

O crescimento expressivo de Alckmin - 7,9 pontos percentuais se comparado à pesquisa realizada em agosto - deve-se, segundo o diretor do Instituto Sensus, Ricardo Guedes, ao decorrer da campanha e à maior exposição na mídia. Mas esse crescimento é insuficiente para assegurar o segundo turno. Somados, os candidatos de oposição chegam a 35,5% - 15,6 pontos percentuais abaixo do resultado obtido por Lula.

O presidente oscilou dentro da margem de erro da pesquisa, de três pontos percentuais para mais ou para menos. Ele tinha 51,4% em agosto e agora tem 51,1%. Heloísa Helena caiu de 8,6% para 5,7% e Cristovam oscilou de 1,6% para 1,4%. Quando analisados os votos válidos - conta feita excluindo-se os votos brancos, nulos e indecisos - a dianteira do presidente é ainda mais tranqüila. Lula aparece com 59% dos votos válidos, contra 31,8% de Alckmin, 6,6% de Heloisa Helena e 1,6% de Cristovam Buarque. A soma de todos os candidatos de oposição dá 40,9% - 18,1 pontos percentuais menor do que o resultado obtido pelo candidato à reeleição do Planalto.

Para o diretor do Instituto Sensus, Ricardo Guedes, os resultados mostram que o dossiê Vedoin não foi suficiente para abalar a candidatura petista. "Lula segue blindado, pelos seus companheiros de partido e governo, e pelos bons números do governo no campo social e na economia", resumiu. Prova disso seria a comprovação de que 59,1% dos dois mil entrevistados têm conhecimento do episódio de compra de dossiês contra o candidato tucano José Serra. Mas, no universo total de eleitores - que conhecem e que desconhecem o assunto - apenas 3,2% desistiram de votar em Lula para presidente. Outros 27,7% mantém o voto no petista e 22,8% não mudaram de opinião porque já decidiram que não votariam em Lula.

Lula também, segundo o levantamento CNT/Sensus, vem conseguindo convencer o eleitorado de que não tem relação direta com a compra do dossiê. Para 26,1% dos entrevistados, a culpa é dos assessores do presidente. Outros 13,6% jogam a responsabilidade sobre o PT e apenas 10,1% acreditam que Lula teve participação direta no escândalo. Em outro questionamento, 30,5% dos entrevistados acreditam que o escândalo não vai prejudicar a reeleição de Lula contra 25,8% acham que o episódio pode impedir um novo mandato do petista.

A rejeição de Lula também é a menor dentre todos os entrevistados. A pesquisa mostra que 27,3% dos pesquisados não votariam em Lula em hipótese alguma. No caso de Alckmin, esse percentual sobe para 41% e de Heloísa Helena, chega a 50,3%. "Por esta nossa pesquisa, Lula está eleito em primeiro turno, sem sombra de dúvidas. A situação de Alckmin pode ser revertida - ele subiu quase nove pontos em um mês - mas é muito complicada. Faltam poucos dias para a eleição", afirmou Guedes.

Até o momento, Lula confirmaria a reeleição mesmo se a disputa for para o segundo turno. Caso o adversário seja o tucano Geraldo Alckmin, o resultado final seria: Lula 55,6% e 33,7% do tucano. Se o confronto for contra Heloísa Helena, um resultado ainda mais tranqüilo: 59,7% a 25,4%. Hipótese que não passa, pelo menos por enquanto, pela cabeça do ministro da coordenação política, Tarso Genro. "Não acreditamos que os ataques sejam piores do que os sofridos até o momento. Por isso, seguimos confiantes em uma vitória em primeiro turno", afirmou o ministro da coordenação política, Tarso Genro.