Título: Kassab minimiza dissidência no PSD
Autor: Cunto , Raphael Di
Fonte: Valor Econômico, 12/07/2012, Política, p. A7

O presidente nacional do PSD e prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, atenuou ontem a dissidência aberta no partido pela senadora Kátia Abreu (TO), que se disse indignada com a intervenção feita no diretório de Belo Horizonte para a sigla apoiar o PT. "O PSD é um partido grande. É natural que algumas decisões gerem divergência, isso é próprio da democracia", afirmou Kassab.

Em carta, Kátia Abreu chamou a intervenção de "arbitrária e clandestina". Antes, a senadora já tinha criticado a aliança do PSD com José Serra (PSDB) para a Prefeitura de São Paulo. Aliados do prefeito veem os ataques como uma tentativa de a senadora galgar espaço na sigla para assumir um ministério no governo Dilma.

Kassab afirmou que a posição da parlamentar foi "transparente" e que isso "em nada abala o respeito e admiração" que tem por ela. "O tempo vai dizer se era ela quem estava certa ou se era o partido", disse. Ele repetiu o discurso ao comentar a desfiliação do vice-presidente nacional do PSD, o mineiro Roberto Brandt, que ficou irritado com a interferência em seu Estado. "É um direito dele. Se entendeu que seria seu caminho, que seja feliz", afirmou Kassab.

O presidente do PSD diz que a intervenção ocorreu a pedido dos diretórios de Minas Gerais e de Belo Horizonte para anular o registro de apoio do partido à reeleição do prefeito Márcio Lacerda (PSB), feito pelos pessedistas insatisfeitos com a aliança com Patrus Ananias (PT). "Não teve uso da força. Foi uma solução adotada com apoio da maioria dos parlamentares de Minas Gerais", disse o prefeito paulistano.

Entretanto, o presidente dos diretórios mineiro e da capital do PSD, Paulo Simão, garantia, no dia das negociações, que o apoio ficaria com Lacerda. Só na noite do dia 4, após reunião com Kassab, é que foi fechada a aliança com o PT. "Eles mudaram de opinião depois das novas circunstâncias", disse Kassab.

O presidente nacional do PSD diz que a eleição em Belo Horizonte se nacionalizou com o rompimento entre PSB e PT, por isso a mudança. "Com a nacionalização, o partido entendeu, e algumas lideranças de Minas Gerais também, que não era o momento de dar apoio ao candidato que desfez a aliança", afirmou.

O rompimento ocorreu porque Lacerda negou ao PT a coligação na chapa de vereadores, algo que havia prometido anteriormente ao partido. Petistas acreditam que o prefeito foi influenciado pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG), que também o apoia e tem pretensões presidenciais para 2014. Insatisfeito, o PT lançou Patrus Ananias e a presidente Dilma Rousseff passou a articular pessoalmente a formação da chapa, com a adesão de PMDB e PSD.

Kassab nega que o rompimento ocorreu a pedido de Dilma, com quem teria se reunido antes da decisão. "Vi isso nos jornais, mas não é verdade. Não falo com a presidenta há algumas semanas", afirmou. O prefeito diz que conversou apenas com Aécio Neves, o governador Antônio Anastasia (PSDB) e com Lacerda para informar o fim da aliança.