Título: Brasil Telecom planeja investimento em rede convergente
Autor: Magalhães, Heloisa
Fonte: Valor Econômico, 27/09/2006, Empresas, p. B3

A Brasil Telecom (BrT), operadora que atua no Sul, Centro-Oeste e parte do Norte do país, prepara dois investimentos importantes para instalar uma rede de novíssima geração, que permitirá acelerar a convergência entre serviços fixos e móveis.

Nesta semana, a empresa deu a largada num processo de consulta a seus fornecedores com o objetivo de adquirir equipamentos na tecnologia IMS, do inglês IP Multimedia Subsystem. Trocando em miúdos, essa sigla ainda quase desconhecida representa uma arquitetura de rede completamente nova, que permite a unificação dos sistemas de telecomunicações existentes.

Há poucos dias, a BrT lançou também uma pré-concorrência entre os fabricantes para implementar o projeto de levar fibra óptica até a residência de seus clientes, substituindo o secular fio telefônico de cobre.

Com isso, a Brasil Telecom ambiciona fazer mudanças profundas em sua rede e adaptá-la para a crescente demanda por conteúdos multimídia - seja por meio de aparelhos fixos ou móveis.

"O movimento marca o primeiro passo de uma operadora brasileira para convergir suas redes com uma infra-estrutura totalmente IP", afirma o diretor de tecnologia e arquitetura de redes da BrT, Mauro Fukuda.

Segundo o executivo, as consultas têm como objetivos levantar os investimentos necessários e detectar os impactos dessa estratégia. Vencida essa etapa, a operadora pretende lançar licitações para dar início à compra de equipamentos no início de 2007.

Se levar adiante o projeto de instalar uma rede IMS, a Brasil Telecom será a primeira operadora do país e uma das mais adiantadas no mundo a caminhar nessa direção. Apenas a inglesa BT e a France Télécom estão contratando equipamentos nessa tecnologia, da qual, por enquanto, nenhuma rede dispõe. No mercado brasileiro, Telemar diz que está fazendo testes com o IMS em parceria com a Nokia. A Telefônica afirma dispor de grupos de trabalho acompanhando o assunto.

Os principais fornecedores mundiais de infra-estrutura para telecomunicações estão apostando pesadamente nessa tecnologia, uma evolução das chamadas redes de nova geração (NGN, na sigla em inglês).

Uma rede convencional é formada por circuitos comutados. No entanto, o IMS poderá alterar radicalmente essa configuração - que permanece praticamente a mesma desde os tempos de Alexander Graham Bell. Baseada em protocolo de internet (IP), a tecnologia introduz uma "camada de controle" nas redes de telefonia fixa, móvel e internet, tornando-as, na prática, uma estrutura única. Isso permite que diferentes dispositivos "conversem" entre si.

Assim, é possível que um cliente da operadora assine determinado serviço - baixar arquivos de músicas da internet, por exemplo - e tenha acesso a esse conteúdo em qualquer aparelho: celular, telefone fixo, computador, TV digital etc. Ou seja, a tecnologia oferece mobilidade. "O IMS propicia o casamento entre telefonia fixa e móvel", diz Fukuda.

Na avaliação dele, o IMS deverá ajudar a BrT a reduzir custos com a operação de sua rede, uma vez que aos poucos substituirá as centrais de comutação, que requerem manutenção in loco, pelo acesso IP - cujo controle pode ser feito remotamente.

A instalação de fibra óptica nas residências dos clientes é um projeto que corre em paralelo, mas complementa essa estratégia.

Com a fibra a Brasil Telecom planeja oferecer internet mais rápida a seus assinantes, num momento em que é crescente a demanda por conteúdos como vídeos e música (arquivos pesados que requerem banda larga).

De acordo com Fukuda, uma única fibra alcança a velocidade de 2,5 gigabits por segundo - muito maior do que no cabo convencional -, o que permite que seja compartilhada entre até 32 residências.

"É um passo importante da operadora para evoluir sua tecnologia para uma nova realidade de mercado", avalia o executivo.

A implantação de fibra óptica deverá começar pelas principais regiões metropolitanas da área de atuação da BrT.