Título: Transição define sede hoje
Autor: Medeiros, Luísa; Oliveira, Noelle
Fonte: Correio Braziliense, 04/11/2010, Cidades, p. 32

A Biblioteca Nacional de Brasília e o Centro de Convenções estão entre os locais cotados para acomodar a equipe petista até a posse de Agnelo Queiroz. Nos bastidores, crescem as especulações em torno dos nomes que comandarão o processo

A equipe petista designada pelo governador eleito, Agnelo Queiroz (PT), para tocar em caráter especial o governo de transição decide hoje onde trabalhará nos próximos dois meses. Entre as alternativas sondadas pelo grupo vermelho estão a Biblioteca Nacional de Brasília, o Centro de Convenções Ulysses Guimarães e a residência oficial de Águas Claras. Ontem, os locais foram visitados por coordenadores da campanha de Agnelo e pelo ex-secretário de Governo do Distrito Federal Geraldo Loureiro, nomeado pelo atual chefe do Executivo, Rogério Rosso, para comandar a mudança na casa. A localização e a privacidade que a Biblioteca Nacional oferece lhe dão vantagem.

Os petistas não querem estar no mesmo ambiente frequentado pela cúpula do GDF durante o processo de transição. O governo ofereceu o 10º andar do anexo do Palácio do Buriti, onde funcionava até pouco tempo a Secretaria de Saúde, como uma das possibilidades para sediar as reuniões das equipes que trabalharão no processo. Os interlocutores de Agnelo rejeitaram a proposta. Dizem que a proximidade é "algo inconveniente".

Segundo Abimael Nunes, que foi coordenador de comunicação da campanha do petista e está entre os escolhidos para orientar a mudança de governo, o Centro de Convenções e a Biblioteca Nacional são locais de fácil acesso, bem melhores do que o anexo do Buriti. No governo Cristovam Buarque, a transição ocorreu no Centro. "Não há o problema de misturar as equipes e as pessoas se sentirão mais à vontade. Não é bom a transição funcionar dentro do grupo do governo, mas tem que ser em algum espaço publico", afirmou.

Na próxima segunda-feira, começarão oficialmente os trabalhos, quando Agnelo e o vice, Tadeu Filippelli, já estarão em Brasília após um breve recesso pós-eleitoral. O governador eleito disse que acompanhará ativamente toda a etapa do processo. Os nomes que comporão a equipe também deverão ser anunciados pelo petista em 8 de novembro.

Até lá, crescem as especulações em torno das pessoas que ajudaram Agnelo a se eleger. O coordenador-geral da campanha do petista, Raimundo Júnior, foi o primeiro nome cogitado para tocar a transição. A repercussão da indicação, porém, não foi positiva. Raimundo Júnior não pode exercer cargos em comissão, pois foi inabilitado pelo Tribunal de Contas do DF por problemas na prestação de contas quando era diretor na Secretaria do Trabalho, no governo de Cristovam. Além disso, foi citado como um dos envolvidos no mensalão do PT, em 2005. Naquela época, em depoimento na CPI dos Correios, o publicitário Marcos Valério o acusou de sacar dinheiro para pagar mesada a deputados federais.

Ao Correio, Raimundo Júnior disse que está orientando "a pré-transição" a pedido do novo governador e que o trabalho se limita a definir o local e a estrutura a serem utilizados. Ele esclareceu que outras pessoas, como Abimael Nunes e o ex-distrital Chico Floresta, respondem pela tarefa. Reconheceu que já teve alguns problemas como gestor público, mas que está com a consciência tranquila.

Repasse de informações Para esmiuçar as diretrizes da mudança de governo, Rosso e a vice-governadora, Ivelise Longhi, reuniram-se ontem com secretários, administradores e presidentes de empresas estatais, no salão nobre do Palácio do Buriti. Detalhou que dados deverão ser apresentados nos próximos 10 dias. Os secretários de Planejamento e de Fazenda, que vão tratar diretamente das contas do orçamento local, não compareceram, mas mandaram representantes. Hoje, haverá uma reunião técnica com outros integrantes do governo na qual serão apresentados os primeiros relatórios fiscais. A equipe petista não deve participar.

Em entrevista coletiva, Rosso garantiu que a intenção é fornecer a Agnelo todas as informações essenciais para uma gestão tranquila. "A palavra de ordem é transparência total. Vamos fazer uma transição como nunca foi feita no DF, algo que nós não tivemos e nos fez muita falta", destacou.