Título: DI sugere prolongado período de Selic baixa
Autor: Campos , Eduardo
Fonte: Valor Econômico, 12/07/2012, Finanças, p. C2

O mercado de juros teve um pregão de elevado volume e firme queda nas taxas na espera da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom). Conforme o previsto, a taxa caiu em meio ponto para 8% ao ano (mais sobre a reunião na página ao lado).

Com os vencimentos curtos e longos testando novas mínimas históricas o mercado parece reforçar a expectativa de que a Selic pode cair abaixo dos 7,5%.

No entanto, tal movimentação do mercado pode ser interpretada de outra forma, diz o estrategista de renda fixa da Coinvalores, Paulo Nepomuceno.

Não que o Banco Central (BC) vá prolongar o ciclo de baixa, mas sim que a Selic vai demorar muito mais tempo para subir.

Segundo Nepomuceno, tal avaliação ganha respaldo no comportamento do contrato para janeiro de 2014, que caiu para linha de 7,6%, nova mínima histórica. A movimentação nesse vencimento acabou ecoando no restante da curva, que mostrou acentuada perda de prêmio.

Ainda de acordo com o estrategista, a avaliação de juros menores por um longo período de tempo está respaldada no fraco crescimento da economia mundial. Ambiente que deixa a inflação subjugada.

Como exemplo, Nepomuceno cita a ata do Federal Reserve (Fed), banco central americano, que indicou que o mercado de trabalho dos Estados Unidos vai levar seis anos para se normalizar. Atualmente, a taxa de desemprego está na linha dos 8%.

Por aqui, os dados de atividade continuam desanimando. O varejo agora é que mostra fraqueza. Em maio as vendas recuaram 0,8%, surpreendendo negativamente. No mesmo mês, a indústria já tinha mostrado retração de 0,9%.

Com a indústria fraca, o varejo é que vinha "sustentando" o ritmo de atividade. No entanto, conforme esse segmento começa a dar sinais de fadiga, a percepção dos agentes econômicos pode piorar ainda mais. Com isso, mesmo com BC cortando juros e o governo anunciando medidas de estímulo, os investimentos podem não deslanchar. É a falta de confiança na economia emperrando a transmissão das ações do governo para o lado real da atividade.

Agora pela manhã, o BC apresenta seu índice de atividade, o IBC-Br, para maio. Para o Banco Fator, o indicador deve mostrar queda de 0,6% na comparação mensal. A previsão anterior do Fator era de queda de 0,4%, mas tal expectativa foi alterada pela divulgação das vendas no varejo.

No câmbio, mais um pregão morno. O dólar comercial terminou o dia com leve baixa de 0,10%, negociado R$ 2,035. E o contrato futuro para agosto subiu 0,07%, a R$ 2,044.

Variações mínimas, também, no câmbio externo. O euro caiu 0,07%, a US$ 1,224, e o Dollar Index, que avalia o dólar ante uma cesta de moedas, subiu 0,06%, a 83,46 pontos.