Título: Wal-Mart acelera expansão e planeja 28 lojas em 2007
Autor: Facchini, Claudia
Fonte: Valor Econômico, 27/09/2006, Empresas, p. B8

Depois de desembolsar US$ 1 bilhão na aquisição do Bompreço e do Sonae nos dois últimos anos, o presidente do Wal-Mart, Vicente Trius, irá acelerar também a expansão orgânica do grupo. O executivo anunciou ontem em São Paulo que a gigante americana irá investir R$ 850 milhões na construção de 28 lojas em 2007. Esse será o maior número de inaugurações e o maior valor já investido em novas unidades desde a entrada do grupo no país, em 1995. O orçamento para 2006 prevê a construção de 14 unidades, que devem consumir R$ 600 milhões. Outros R$ 200 milhões estão sendo gastos em 2006 nas reformas das lojas, cifra que inclui a conversão das 15 lojas da ex-bandeiras Balaio e Mini Bompreço, do Nordeste, que passaram a se chamar Todo Dia. Até o fim do ano, o Wal-Mart deve chegar 304 lojas no Brasil, figurando em terceiro lugar no ranking nacional de supermercados.

"O mercado de baixa renda oferece oportunidades enormes", disse Trius, ao justificar a maior ênfase da empresa neste segmento daqui para frente. Das 28 unidades previstas para 2007, 10 terão foco na população de menor poder aquisitivo. Serão abertas, por exemplo, duas lojas do Todo Dia e duas com a bandeira Maxxi, "herdada" do Sonae em 2005.

A aposta do Wal-Mart nesta bandeira reflete o maior interesse das grandes multinacionais em um formato que ficou conhecido no país como "atacarejo", mistura de atacado com varejo. Apesar de vender para pequenos comerciantes, essas lojas também atraem pessoas físicas de menor renda. O Carrefour também acredita que o "atacarejo" é um modelo de negócio promissor no Brasil. Segundo fontes do setor, as duas multinacionais, assim como o Pão de Açúcar, têm interesse na compra do Atacadão, maior cadeia de "atacarejo" do país que foi colocada à venda pelos seus controladores. Sobre as negociações envolvendo a compra da empresa, Trius preferiu o silêncio. "As lojas do Atacadão são boas, mas não vou fazer comentários em cima de especulações."

No Nordeste, em especial os formatos para baixa renda apresentam maior potencial de crescimento. Na região, 89% dos consumidores são das classes C,D e E, enquanto, no Sudeste, esse percentual é de 72%. Analistas do setor lembram, porém, que o mercado de baixa renda pode parecer tentador pelas altas quantidades vendidas, mas há casos de experiências mal-sucedidas no país. Neste mercado, vende-se muito, mas as margens de lucro são espartanas, o que requer uma gestão igualmente rígida de custos. "Não entraríamos neste segmento se os resultados obtidos até agora não mostrassem que esse seria um bom investimento", respondeu Trius, sobre a marca Maxxi e Todo Dia.

Segundo ele, nas lojas reformadas do Todo Dia, houve um aumento de 16% no número de clientes. De forma geral, a varejista registra um crescimento de 3 a 4% no total de transações. Este tem sido um ano difícil para os supermercados devido à deflação dos preços dos alimentos, mas o Wal-Mart continua apresentando crescimento real nas vendas em lojas comparáveis, disse Trius. "Já percebemos que as pessoas estão voltando a comprar mais alimentos e bens de consumo diários em vez de adquirir tanto bens duráveis, como aparelhos eletrônicos", afirmou.