Título: Uma fase de R$ 2,8 milhões
Autor: Pariz, Tiago; Iunes, Ivan; Jeronimo, Josie
Fonte: Correio Braziliense, 02/11/2010, Política, p. 3

TRANSIÇÃO Um grupo de 50 pessoas será escalado para, até o fim do ano, levantar dados de todos os programas em execução na Esplanada dos Ministérios e determinar gargalos, demandas e prioridades

O futuro governo da presidente eleita, Dilma Rousseff (PT), tem cara de continuidade. Só que nos próximos dois meses a equipe de transição escalada pela ex-ministra da Casa Civil tem a missão de impor a marca de uma nova gestão e pensar, prioritariamente, na agenda dos 120 dias. O grupo formado por até 50 pessoas ficará sob a coordenação do ex-ministro Antônio Palocci, do presidente do PT, José Eduardo Dutra, e do deputado federal José Eduardo Cardozo (PT-SP). Todos atuaram diretamente na campanha presidencial petista. Do lado do atual governo, Carlos Eduardo Esteves Lima, ministro interino da Casa Civil, será responsável por nomear ocupantes de cargos especiais de transição e fornecer informações para essa equipe. De acordo com a legislação, a partir de amanhã essas vagas já poderão ser ocupadas. Temporários, os cargos devem estar vagos obrigatoriamente em até 10 dias depois da posse do candidato eleito, em 1º de janeiro. A equipe ficará reunida no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde Lula despachou durante a reforma do Palácio do Planalto. Toda a infraestrutura e o apoio administrativo são custeados pela Casa Civil. Pela lei, o orçamento já prevê despesas com a transição. A estimativa é que os gastos sejam de aproximadamente R$ 2,8 milhões.

Dilma Rousseff e Michel Temer (PMDB), o vice-presidente, têm direito ainda a segurança do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) em tempo integral. A candidata eleita conta por enquanto com escolta da Polícia Federal (PF), prevista pela legislação eleitoral.

O chefe da Casa Civil irá centralizar pedidos de solicitação e de informações. Secretários executivos dos 37 ministérios do governo Lula devem disponibilizar os programas realizados em cada pasta e a execução, a agenda de compromissos com calendário para o primeiro quadrimestre, os projetos implementados ou suspensos, além de glossários e termos técnicos de cada área. As primeiras reuniões devem acontecer ainda esta semana.

Cola

O presidente Lula já deixou claro que vai sentir saudade da Presidência. Brincando, ele ameaçou até colar a faixa presidencial no corpo. Só que, quando terminar o mandato, levará regalias exclusivas de quem ocupou o posto mais alto da República.

Pela legislação brasileira, ex-presidentes têm direito a oito servidores: quatro para atividades de segurança e apoio pessoal, dois veículos oficiais com motorista e dois servidores com cargo de direção e assessoramento superior, chamados de DAS. O salário é de R$ 8.998. Além da equipe, Lula deverá receber auxílio de cerca de R$ 11 mil. Os gastos também são de responsabilidade da Casa Civil.

De volta ao batente

O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, em férias desde o ínicio do segundo turno para ajudar na campanha de Dilma Rousseff (PT), retornou ao cargo ontem. A interrupção foi publicada no Diário Oficial da União. Ontem mesmo ele já se reuniu com seu chefe de gabinete.

Suplicy e a orquídea barrados

Mal saiu vitoriosa das urnas e a presidente eleita Dilma Rousseff já acumula gafes políticas. Depois de deixar uma multidão de militantes e entusiastas a ver navios na festa da vitória programada para a Esplanada dos Ministérios na noite de domingo, a petista mandou barrar o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que a visitou na tarde de ontem para lhe entregar uma orquídea rosa.

O parlamentar sequer entrou na residência. Foi recebido na porta da garagem por Anderson Dornelles, assessor pessoal da presidente eleita. Dornelles alegou que Dilma estava descansando e não poderia recebê-lo. Suplicy disse entender a necessidade de a ex-ministra recuperar as energias depois de uma maratona eleitoral. Espero, em outra oportunidade, dar um abraço na Dilma, afirmou. O senador petista não marcou horário e apareceu de surpresa. Ela também recebeu flores do presidente da Vale, Roger Agnelli, e da Telefonica. Em ambos os casos, os entregadores passaram, pelo menos, da porta da garagem para entregar o regalo.

Dilma acordou cedo e tomou café da manhã sozinha. Ainda não consegue fazer as caminhadas diárias por conta da torção sofrida no tornozelo. O ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, foi o primeiro a chegar à residência. Depois passaram por lá Marco Aurélio Garcia, Alessandro Teixeira, Gilles Azevedo, Antonio Palocci e José Eduardo Dutra. Mais tarde, ela concedeu entrevistas a emissoras de televisão (leia abaixo). (TP)