Título: IBM e Motorola levam pregão da bolsa ao celular
Autor: Borges, André
Fonte: Valor Econômico, 28/09/2006, Empresas, p. B3

A IBM fechou parceria com a Motorola para levar a telefones celulares operações de investimentos realizadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e na Bolsa de Mercadorias e de Futuros (BM&F). O acordo envolve ainda a participação da recém-criada Cellbroker, responsável pelo desenvolvimento do sistema.

O serviço, que entra no ar na segunda quinzena de outubro, pretende fazer com que as operações hoje limitadas ao contatos telefônicos com o corretor ou mesmo ao computador de mesa do investidor estejam disponíveis em um simples aparelho celular. Numa primeira etapa, o usuário poderá acompanhar, em tempo real, todas as oscilações de papéis negociados no mercado. Será possível configurar a tela com os ativos de mais interesse, checar preços de compra e venda, o último valor negociado e a variação daquele papel no dia. Também estão previstos alertas para avisar quando um ativo selecionado pelo usuário atingiu determinado patamar de preço.

A Motorola, que permitirá que qualquer pessoa baixe o programa gratuitamente em seu site, reuniu oito modelos de telefones para habilitar o sistema, entre eles aparelhos comuns, com custo a partir de R$ 350. A lista também inclui celulares mais sofisticados como o MotoQ, concorrente do Blackberry que será lançado na próxima semana, durante a feira Futurecom.

Na parceria, a IBM entrará com a hospedagem das transações e tratamento dos dados que serão transmitidos para os usuários.

Nos primeiros dois ou três meses o serviço será gratuito, dependendo do modelo de cada aparelho, explica o diretor de produtos móveis da Motorola, Marcelo Guimarães. Vencidos os prazos, o usuário passa a pagar uma taxa mensal de R$ 20 para acessar as informações da Bovespa; e R$ 40 para soma-las às da BM&F.

O maior apelo do recurso, porém, está previsto para o segundo trimestre de 2007, quando o investidor poderá usar o celular para fazer qualquer operação de compra e venda de papéis. "Já estamos em negociação com diversas corretoras do mercado", diz o executivo responsável por produtos móveis da IBM, Augusto Carvalho.

Para não estourar a conta de celular dos usuários, o serviço usará um canal de tráfego de dados, e não o tradicional canal de voz. Esse recurso, explica Carvalho, permitirá que o investidor fique 24 horas conectado, já que o preço deste canal não está relacionado ao tempo de conexão, mas sim ao volume de dados transacionados. "Como os dados tem tamanho mínimo, esse custo não passa de R$ 5,00 por mês", afirma. "Além disso, o canal de voz fica livre o tempo todo."

A expectativa das empresas é que cerca de 120 mil pessoas baixem o programa no site da Motorola nos primeiros seis meses de operação. A previsão de retenção de usuários, afirma o diretor executivo da Cellbroker, João Carlos Müller, é de aproximadamente 20%. "Queremos ter 35 mil assinantes até o fim de 2007", diz.

Na mira estão os investidores individuais que aplicam dinheiro em Bolsa, perfil que somou 217 mil pessoas em agosto, segundo a Bovespa. O Brasil será o terceiro país no mundo a oferecer o serviço. Até o momento, diz Müller, só Japão e Coréia do Sul levaram as ações para as teclas do celular.