Título: Massa salarial sobe 8% em 2005 com alta simultânea de emprego e renda
Autor: Galvão, Arnaldo
Fonte: Valor Econômico, 28/09/2006, Brasil, p. A2

A massa de rendimentos do emprego formal registrou aumento de 8,09% em 2005 e o salário médio dos que trabalharam sob o regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e dos estatutos de funcionários públicos também cresceu 2,14% no ano passado, chegando a R$ 1.135,35. Essa é uma das principais revelações da pesquisa da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), divulgada ontem pelo Ministério do Trabalho. Segundo o ministro Luiz Marinho, entre 2003 e 2006 devem ser criados cerca de 8,5 milhões de empregos, formais e informais.

O montante da massa salarial, em dezembro de 2005, foi de R$ 37,75 bilhões e o aumento de 8,09% foi atribuído ao crescimento de 5,83% do emprego formal, somado à elevação de 2,14% no valor do salário médio.

A Rais é uma pesquisa mais ampla que o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e mostrou que foram criados 1,83 milhão de empregos formais no ano passado, dos quais 1,474 milhão de vagas pela CLT e 357 mil estatutárias. O estoque de empregos formais chegou a 33,239 milhões de postos de trabalho, o que significa crescimento de 5,83% em relação a 2004. O Caged tinha apontado para 2005 um saldo positivo de 1,25 milhão entre contratações e demissões, mas ele mede apenas os empregos celetistas.

O ministro Luiz Marinho recorreu aos números de 2005 da Pesquisa Nacional de Amostras de Domicílio (PNAD) para chegar à conclusão de que no governo Lula deverão ser criados cerca de 8,5 milhões de empregos formais e informais. Segundo a Rais, de 2003 a 2005, foram gerados 4,55 milhões de empregos formais.

Marinho disse que o emprego formal vem crescendo a uma velocidade maior que a do aumento do emprego informal e que a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas também vai estimular a formalização de empresas e empregos. Os senadores ainda têm de votar o projeto que passou na Câmara. Recorrendo à PNAD, o ministro ainda ressaltou que mesmo considerando os empregos informais, a cobertura previdenciária aumentou de 43% para 47%.

A Rais revelou a demanda por profissionais de maior escolaridade. Do total de novas vagas abertas, dois terços foram para profissionais com Ensino Médio completo e um quarto para àqueles com cursos superior completo. Ao mesmo tempo, foram fechadas, em 2005, 210 mil vagas para profissionais com ensino fundamental incompleto ou analfabetos.

A Rais também apontou que, em 2005, o setor de serviços foi o que mais criou emprego formal em termos absolutos: 609,6 mil empregos. A seguir, vieram administração pública (444,1 mil), comércio (417,9 mil) e indústria (206,6 mil). Em termos relativos, o maior salto foi na construção: 11,3%, equivalente a 126,8 mil postos de trabalho. O setor agrícola criou 4,7 mil empregos - variação de 0,36% em relação a 2004.

O estoque de empregos formais cresceu, em 2005, em todos os Estados. O destaque, segundo a Rais, ficou com São Paulo, que criou 487,6 mil vagas no ano passado. Depois, Minas Gerais (259,8 mil), Bahia (138,7 mil) e Rio de Janeiro (131,6 mil). Em termos relativos, as maiores variações foram de Amazonas (11,31%), Espírito Santo (10,57%), Bahia (9,51%), Sergipe (8,49%) e Goiás (8,26%).

Na avaliação de Marinho, a evolução do mercado de trabalho proporcionou oportunidades de emprego formal para todas as faixas etárias. Em 2005, o maior número de empregos (456 mil) foi criado na faixa entre 40 e 49 anos. Depois vieram as faixas de 30 a 39 anos (399 mil), de 25 a 29 anos (354 mil) e 50 a 64 anos (338 mil).

O perfil da remuneração do emprego formal no ano passado mostrou que o rendimento médio da mulher passou a valer a 82,1% do que ganham os homens - 81,2% em 2004. A Rais apontou aumento real de 2,95% nos rendimentos das mulheres, diante de 1,8% na alta do salário dos homens.

Mas a remuneração média das mulheres continuou inferior à dos homens em todos os níveis de escolaridade. A maior diferença, segundo a Rais, é no grau de instrução superior completo, com as mulheres recebendo 56,94% do valor pago aos homens. Segundo o governo, isso se deve ao menor acesso aos cargos de chefia. No grupo dos trabalhadores analfabetos, há a menor diferença entre sexos: a mulher ganha 81,86% do salário médio do homem.

O peso da administração pública na criação de empregos formais cresceu. Em 2005, a Rais registrou aumento absoluto de 444 mil vagas nesse setor, das quais 357 mil são estatutárias. O empregador municipal respondeu por 337 mil postos novos, a União criou aproximadamente 16 mil e os Estados ficaram com cerca de 6 mil.