Título: Presidente recebe governadores do PSB para manter coalizão
Autor: Exman , Fernando
Fonte: Valor Econômico, 10/07/2012, Política, p. A7

Num gesto para evitar que a campanha eleitoral crie problemas para a sua administração, a presidente Dilma Rousseff ofereceu ontem um jantar no Palácio da Alvorada a integrantes da cúpula do PSB. O objetivo do encontro foi evitar que a ruptura entre o partido e o PT em diversas praças nas eleições municipais contamine a aliança entre a sigla e o governo federal.

Representaram o PSB no encontro os governadores de Pernambuco, Eduardo Campos, e Cid Gomes, do Ceará. As capitais de ambos os Estados, respectivamente Recife e Fortaleza, são exemplos de cidades em que PT e PSB seguiram caminhos distintos na campanha eleitoral. Os dirigentes do PSB se prepararam para sinalizar a Dilma que o projeto de poder da legenda é de longo prazo. Primeiro, o partido pretende se reforçar nas eleições municipais deste ano a fim de obter força suficiente para pleitear a vaga de vice na chapa que deverá ser encabeçada pela própria presidente em 2014. Assim, o PSB só tentaria disputar a Presidência após apoiar a reeleição de Dilma.

"Não tem briga nenhuma. Estamos fazendo uma discussão política de qual é o papel do PSB, estamos discutindo os passos do nosso partido", afirmou o primeiro vice-presidente da sigla, Roberto Amaral, lembrando que o PSB é aliado do PT desde 1989. "Tem muita gente inventando inimigos falsos para vender aliados mercenários."

Participaram também do jantar os ministros Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Paulo Bernardo (Comunicações). Ao ser abordado na chegada pela imprensa, Cid Gomes declarou que o assunto do jantar era "político e administrativo". Paulo Bernardo também desconversou ao ser questionado. "Fui chamado, eu vim", disse o ministro.

Alguns petistas viram os recentes rompimentos entre o PT e o PSB como um sinal de que Eduardo Campos estaria trabalhando para candidatar-se a presidente já em 2014. O governador também preside o PSB, e tem boa interlocução com integrantes da oposição.

Em entrevista publicada pela "Folha de S. Paulo" no domingo, porém, Eduardo Campos defendeu o apoio do PSB à reeleição de Dilma em 2014. Por outro lado, destacou que o PSB não será subserviente ao PT e advogou a importância de haver alternância de poder no país. O governador disse ainda entender a decisão de Dilma de entrar nas articulações que retiraram o PT da aliança liderada pelo prefeito Márcio Lacerda (PSB) e lançaram a candidatura do ex-ministro Patrus Ananias. Mineira, Dilma nasceu em Belo Horizonte.

No Palácio do Planalto, a entrevista foi vista como uma "bandeira branca" erguida pelo PSB. Outro sinal de reaproximação emitido pelo partido foi um telefonema feito a Dilma por Cid Gomes, que teve como desdobramento o jantar.

Já a irritação do PSB tem como origem as supostas articulações de dirigentes petistas para minar alianças do partido com outras siglas governistas em grandes cidades. Além de Belo Horizonte, Fortaleza e Recife, as duas siglas se desentenderam em São Paulo. A deputada Luiza Erundina (PSB) recusou a vice de Fernando Haddad (PT) devido à adesão de Paulo Maluf (PP) à chapa. Como resultado, cresceram as vozes no PSB dos que almejam uma candidatura própria em 2014 ou são mais próximos ao PSDB, como alas do partido em São Paulo e Minas Gerais. (Colaborou Bruno Peres)