Título: Garcia descarta caixa 2 na compra de dossiê
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 28/09/2006, Política, p. A12

O coordenador da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição, Marco Aurélio Garcia, descartou a possibilidade de que o "caixa 2" seja a origem dos R$ 1,75 milhão apreendidos com membros do PT para pagar um dossiê contra o candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra. A Polícia Federal investiga se o dinheiro provém de meios legais ou foi obtido por meio de desvio de dinheiro público ou contribuição ilegal para campanhas.

"Todo o episódio que veio à tona no ano passado permitiu que não só o PT, mas todos os partidos, evoluíssem para mecanismos legais de arrecadação partidária", disse Garcia, referindo-se ao escândalo do mensalão, no qual o PT é acusado de comprar o apoio de parlamentares com dinheiro de "caixa 2". "Uma coligação com o peso da nossa pode perfeitamente arrecadar", completou Garcia. Ele concedeu entrevista após participar de evento na Federação do Comércio (Fecomércio) em São Paulo.

Questionado se a justiça teria motivações políticas para decretar a prisão preventiva de alguns membros do PT envolvidos no escândalo do dossiê, Garcia disse que não discute decisões do Judiciário. "Não vou atribuir à juíza que decretou isso essa intenção. Senão estaríamos no pior dos mundos, no qual os juízes começam a tomar decisões para interferir no processo político", disse. Ele também ressaltou que a decisão é inócua, já que as prisões não podem ocorrer às vésperas das eleições.

Garcia voltou a ressaltar que o escândalo do dossiê foi uma "grande trapalhada" de algumas pessoas, que não contribui com a campanha de Lula. "Foi um ato arbitrário, diria até arrogante, de um grupo de pessoas que se avocou uma tarefa que só traria prejuízo para nós. O que a candidatura do Lula ganharia com esse tipo de investigação? Nada. Absolutamente nada", disse.

O coordenador da campanha de Lula também voltou a acusar a oposição de "golpismo" e disse que PT e PFL querem ganhar a eleição "no tapetão". Ele afirmou que o objetivo da oposição é atrapalhar a governabilidade em um eventual segundo mandato. E citou Carlos Lacerda para definir os objetivos da oposição: "Não deve ser candidato. Se for candidato, não deve ser eleito. Se eleito, não deve tomar posse. Se tomar posse, não deve governar".

Garcia baixou o tom das críticas ao presidente do Supremo Tribunal Eleitoral (TSE), Marco Aurélio Mello, com quem se reuniu ontem. Ele disse que "não faz sentido alimentar uma polêmica pela imprensa".