Título: Procurador vira alvo de ação do PT
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 28/09/2006, Política, p. A12

Depois de dar duas ordens de prisão a seis assessores ligados a Lula, o procurador da República no Mato Grosso, Mário Lucio Avelar, tornou-se o novo alvo da ira do PT. Ontem, o partido protocolou um pedido de abertura de procedimento administrativo e disciplinar contra o procurador, no Conselho Nacional do Ministério Público. A legenda questiona a atuação de Avelar como "parcial", "inconstitucional" e "ilegal".

O PT critica o "o abuso, a arbitrariedade, a violência, o descomedimento" do procurador e afirma que Avelar politiza a investigação, favorecendo o PSDB. Ele é responsável pela investigação da compra do dossiê contra políticos tucanos. "Torna-se evidente que o Procurador da República vem extrapolando em suas declarações e em sua atuação", registra o documento. O PT afirma que Avelar "viola o limite de seus deveres, a Constituição e o Código Penal, por lançar falsas suspeitas e insinuações desprovidas de base factual e eivadas de malícia".

Na segunda-feira, o procurador teve a concordância da Justiça Federal no pedido de prisão preventiva de Freud Godoy, Jorge Lorenzetti , Osvaldo Bargas, Expedito Veloso, Gedimar Passos e Valdebran Padilha- assessores investigados por ligação na compra do dossiê. Por restrições da lei eleitoral, os citados só poderão ser presos 48 horas depois das eleições.

O procurador é o responsável no Ministério Público pela investigação da Máfia das Sanguessugas. Conhecido por investigar dinheiro suspeito em campanha eleitoral, Avelar divulgou em 2002 o escândalo que implodiu a candidatura de Roseana Sarney (PFL) à Presidência, quando foram encontrados R$ 1,34 milhão na sede da empresa Lunus, em que Roseana e seu marido Jorge Murad eram sócios. "Roseana ameaça ir para o segundo turno no lugar de Serra, que também disputava o cargo", diz o PT em nota divulgada no site do partido. O procurador atuou no episódio Waldomiro Diniz. Avelar também participou da da prisão equivocada do diretor de florestas do Ibama, Antônio Carlos Hummel, em 2005, identificado como petista e solto cinco dias depois da prisão.

Ontem, o Banco do Brasil anunciou a exoneração definitiva de Expedito Afonso Veloso da diretoria de gestão de riscos da instituição. Em seu lugar, o BB nomeou para o seu lugar o seu gerente em Nova York, Rene Sanda, com 24 anos de casa e é graduado e pós-graduado em estatística. O BB negou, nos últimos dias, que Veloso tenha quebrado o sigilo bancário de clientes da instituição, com o objetivo de montar dossiês.