Título: Campanha tucana desagrada Alckmin
Autor: Vandson Lima
Fonte: Valor Econômico, 11/07/2012, Política, p. A9
A insatisfação do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), com o rumo tomado pela campanha do candidato tucano à Prefeitura da capital paulista, José Serra, está no cerne da ameaça do coordenador da campanha Edson Aparecido de deixar o posto.
Segundo interlocutores da ala do partido mais próxima a Alckmin, o governador avalia que o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), e o marqueteiro Luiz González tiveram até agora muito mais influência que ele nas decisões da campanha, o que em sua leitura seria injusto, já que ele teve de desarmar a maioria das "bombas" surgidas no caminho. Em especial, Alckmin teria sido responsável por conter a insatisfação no PSDB pela formação de uma chapa única com partidos aliados na disputa pela vereança.
No mais, segundo tucanos próximos, Alckmin crê que a alta rejeição da população à gestão Kassab fatalmente levará Serra a "grudar" sua imagem na do governo estadual - e por consequência, no próprio governador - durante a disputa.
Homem de confiança de Alckmin e licenciado do cargo de secretário estadual de Desenvolvimento Metropolitano para coordenar a campanha de Serra, Aparecido reclama há tempos não ter qualquer poder de decisão dentro do núcleo de trabalho. Sua viagem a Cingapura no momento de definição do vice da chapa - outra vitória de Kassab, já que o escolhido foi seu secretário estadual de Educação, Alexandre Schneider - evidenciou sua insatisfação. Ao vazar na imprensa informações de que ele poderia deixar o cargo, a intenção do grupo ligado ao governador foi mostrar que quem mais tem a perder com uma participação pouco entusiasmada de Alckmin na disputa é Serra.
Ontem, o candidato reuniu-se com Aparecido em seu escritório para procurar acertar os ponteiros. Mais tarde, fez uma caminhada no bairro do Jaraguá, zona oeste da capital. Questionado, Serra classificou como "ficção científica" as notícias de uma possível saída de Aparecido. "Eu não vou entrar nesse assunto porque o que saiu na imprensa foi "science fiction" (ficção científica, em inglês)", alegou.
Ele também não quis falar sobre a convocação do engenheiro Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, ex-presidente da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A) a prestar depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga Carlinhos Cachoeira. Mas aproveitou para avaliar que a CPI está sendo usada como instrumento político pelo PT. "A CPI está sendo utilizada como instrumento político tipicamente petista. E está sendo usado como aparato do Estado para oprimir e hostilizar os adversários".
Serra foi punido ontem pela quinta vez neste ano por propaganda eleitoral antecipada. O juiz da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, Henrique Harris Junior, multou o tucano em R$ 15 mil por divulgar a candidatura no seu site e no Twitter durante a convenção partidária, feita antes do início oficial das campanhas. O ex-governador já acumula multas no valor de R$ 160 mil, divididos entre ele e o PSDB. Ambos recorrem da decisões.