Título: "Beef jerky", desconhecido no país, move avanço da IFC
Autor: Rocha, Alda do Amaral
Fonte: Valor Econômico, 29/09/2006, Agronegócios, p. B10

O principal item do seu portfólio - o "beef jerky" - é um produto pouco conhecido por estas terras. Mas isso não é empecilho para o avanço da brasileira International Food Company (IFC) , já que nos Estados Unidos o produto, um "snack" de carne bovina defumada, tem mercado cativo.

Com apenas oito anos de existência, a IFC é hoje uma das principais exportadoras de "beef jerky" para o mercado americano e vem dobrando seu faturamento a cada ano desde 2000. Em 2005, obteve receita de US$ 40 milhões. Este ano, o número "deve quase dobrar" novamente, segundo José Barbosa Machado Neto, o Zezé, presidente da empresa.

Esse desempenho é, em grande parte, resultado de uma tacada ousada de Barbosa, que iniciou as operações da empresa em 1998, como distribuidor de "beef jerky" da empresa americana Jack Links.

"Ainda tenho a kombi com a qual fazíamos a distribuição", conta o empresário de 36 anos. Naquela época, três pessoas trabalhavam para a IFC. Hoje são 820 na indústria em Itupeva, a 60 quilômetros de São Paulo, e no escritório comercial em Miami.

De distribuidor de produtos Jack Links, a IFC tornou-se sócia da empresa americana em 2000, quando começou a produção dos snacks de carne na fábrica de Itupeva. "Fomos os primeiros a produzir 'beef jerky' na América Latina", afirma Barbosa. A Jack Links é uma das pioneiras no segmento de snacks de carne bovina nos Estados Unidos, e tem plantas nos Estados do Wisconsin, Dakota do Sul e Idaho.

Em abril do ano passado, a IFC comprou a participação da Jack Links na sociedade, mas manteve a parceria comercial: produz, com exclusividade, "beef jerky" para a empresa americana, que comercializa o produto com a marca Jack Links nos EUA. A IFC exporta o snack também para países como Inglaterra, Alemanha, França, além da Rússia. Para esses mercados, vende com a marca Mister Z.

A aquisição do controle da companhia, no ano passado, marcou uma mudança na estratégia da IFC. De acordo com Barbosa, a empresa decidiu que o "beef jerky" continuaria sendo o principal item do portfólio, "mas não o único".

Pesquisas para desenvolver produtos prontos com maior valor agregado já vinham sendo feitas pela empresa havia 5 anos, segundo o empresário. O resultado foi uma linha de pratos prontos que podem ser conservados à temperatura ambiente por 18 meses. Os produtos são termoprocessados, o que garante sua esterilização e prazo de validade longo mesmo sem a utilização de conservantes.

Hoje, a linha chamada "A mio modo" tem lasanha, molho à bolonhesa, estrogonofe e carne ao molho madeira. Segundo o presidente da IFC, há 21 novos produtos já desenvolvidos para serem lançados, sobre os quais ele faz segredo.

Também para os pratos prontos, o principal mercado é o externo - cerca de 60% do total que a IFC produz é destinado à exportação. No mercado interno, a linha é comercializada principalmente em São Paulo, Grande São Paulo, Brasília e Rio.

Com a ampliação da linha de produtos e das vendas a cada ano, a IFC considera que a verticalização da produção é "uma tendência natural". Atualmente, a empresa adquire cortes bovinos - matéria-prima para parte de seus produtos - de frigoríficos como Friboi, Minerva, Independência e Bertin, este último seu concorrente no "beef jerky".

Barbosa admite que a empresa considera fazer o abate de gado bovino para atender à sua própria demanda por carne. Já chegou a sondar três frigoríficos para tal fim, entre eles o Frigoclass, de Promissão, do empresário britânico Terry Johnson, cujas operações estão suspensas por causa do embargo europeu à carne bovina de São Paulo em decorrência do ressurgimento da aftosa.

Outro projeto da IFC, que investiu US$ 30 milhões desde 2003, é abrir seu capital em cinco anos. "Isso é consequência. Estamos na metade do caminho", afirma Zezé Barbosa. Segundo ele, a empresa, uma S/A de capital fechado, é profissionalizada e avança na governança corporativa..