Título: DF poderá ter primeira gestão pefelista
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 29/09/2006, Política, p. A13

A eleição no Distrito Federal poderá ser decidida em primeiro turno, no domingo, com a vitória do candidato do PFL, José Roberto Arruda. A chapa, puro-sangue, (o vice é o senador Paulo Octávio) lidera as pesquisas de intenção de voto desde o início da sucessão ao Palácio do Buriti, sede do governo local. Na mais recente pesquisa, divulgada na segunda-feira pelo "Correio Braziliense", Arruda aparece com 50% das intenções de voto, contra 18% da tucana Maria de Lourdes Abadia e 15% da petista Arlete Sampaio.

Deputado federal mais votado nas últimas eleições em Brasília, Arruda já foi senador, líder do governo Fernando Henrique na Casa, mas foi obrigado a renunciar por envolvimento direto na violação do painel do Senado durante a votação da cassação de Luiz Estevão. A renúncia evitou que ele fosse cassado por quebra de decoro parlamentar após assegurar na Tribuna do Senado que não tinha envolvimento com o caso.

Arruda beneficiou-se, especialmente na última semana, de um racha na chapa da sua principal adversária, a atual governadora do Distrito Federal, Maria de Lourdes Abadia (PSDB). A crise foi deflagrada pelo principal cabo eleitoral de Abadia, o ex-governador Joaquim Roriz, candidato ao Senado. Nos últimos dias, Roriz fez questão de explicitar a sua admiração por Arruda, que foi seu secretário de Obras no início da década de 1990. A nova estratégia de Roriz tem dois objetivos claros: o primeiro, não perder espaço político no Distrito Federal, governado por eles quatro vezes.

Outra razão é apagar a má impressão deixada por uma conversa gravada entre ele (Roriz) e o ex-presidente da Terracap e candidato a deputado federal, Eri Varela. Em conversa telefônica, ambos começaram a insultar Arruda, acusando-o de corrupto. Varela chegou a utilizar esse áudio em um comício. Posteriormente, a divulgação da fita foi proibida. Quando finalmente a justiça autorizou a reprodução do material, a candidata do PT ao governo local, Arlete Sampaio, passou a apresenta-lo no horário eleitoral gratuito, cobrando explicações de Arruda e de Roriz.

O ex-governador deu uma entrevista ao "Correio Braziliense" elogiando Arruda. O pefelista retribuiu e teceu elogios ao pemedebista. Era o que faltava para a crise instalar-se na candidatura de Abadia, que vê na última semana o crescimento da campanha de Arlete. A petista poderá, inclusive, acabar a disputa na frente da tucana.

A arrancada de Arlete nesta fase final não significa que a campanha da petista tenha sido tranqüila. A esquerda brasiliense entrou em crise no início da corrida eleitoral. Lula e a cúpula petista queriam que o candidato ao Buriti fosse o ex-ministro dos Esportes, Agnelo Queiroz, do PCdoB. Os petistas bateram o pé e, durante a convenção que homologou a candidatura à reeleição de Lula, os militantes petistas vaiaram Agnelo e o presidente do PCdoB, Renato Rabelo, presentes ao evento. Apesar da insistência de Lula e do Diretório Nacional do PT, não houve acordo e Agnelo teve que candidatar-se ao Senado. E vem tirando espaço de Roriz, que segue sendo eleito, mas com uma margem de votos menor do que esperava.

Nesta última semana, os candidatos ao governo do Distrito Federal concentraram sua campanha na cidade-satélite de Ceilândia, maior colégio eleitoral, com 340 mil eleitores e onde está localizado o maior percentual de indecisos.