Título: Frossard ultrapassa Crivella e deve ir ao 2º turno no Rio
Autor: Vilella, Janaina
Fonte: Valor Econômico, 29/09/2006, Política, p. A14

A disputa pelo governo do Rio de Janeiro, liderada desde o início pelo candidato do PMDB, Sérgio Cabral Filho, ganhou novos contornos às vésperas da eleição. A possibilidade de um segundo turno, até então remota, torna-se mais provável a cada nova pesquisa de intenção de votos.

Com um discurso centrado na política de segurança pública e nos ataques ao governo de Rosinha Matheus, a deputada federal Denise Frossard (PPS) disparou nas pesquisas divulgadas no fim da semana passada e ultrapassou Marcelo Crivella (PRB), que até agora se mantinha estável no segundo lugar. Ambos travam uma acirrada disputa por uma vaga num eventual segundo turno contra Cabral, que tem se mantido estável nas pesquisas. Segundo números divulgados ontem pelo Datafolha, Cabral tem 40%, Frossard, 21% e Crivella, 19%.

Na tentativa de reverter o quadro e garantir presença no segundo turno, o senador Crivella, que tem forte apelo junto ao eleitorado evangélico, intensificou a campanha na Baixada Fluminense e na zona oeste. Para o candidato, as regiões têm um grande potencial de votos. "Vou investir na zona oeste e na Baixada porque estas duas regiões ainda concentram um grande número de indecisos", disse Crivella, que na última semana de campanha fez um périplo pelos bairros de Bangu, Campo Grande e Santa Cruz, na zona oeste, e pelos municípios de Nova Iguaçu e Duque de Caxias, na Baixada.

Durante os três meses de campanha, Cabral foi vítima constante dos ataques dos adversários, que tentaram ligá-lo ao casal Garotinho (Anthony e Rosinha, ex e atual governadora do Estado), na tentativa de levar a disputa para o segundo turno. O candidato, no entanto, não se deixou abater pelas críticas e manteve a mesma estratégica durante toda a campanha: não polemizar com os adversários e percorrer todos os municípios do Rio em busca de apoio.

A corrida eleitoral no Rio teve como principal característica os palanques compartilhados. O petista Vladimir Palmeira, por exemplo, teve de dividir o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com Crivella. Já o tucano Eduardo Paes disputou as atenções do candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, com a juíza Denise Frossard. Em ambos os casos, a divisão parece ter minado os esforços eleitorais do PT e do PSDB, no Rio: Paes e Palmeira estão empatados nas pesquisas com menos de 5% das intenções de votos.

Os candidatos Milton Temer (P-SOL) e Carlos Lupi (PDT) mantém 1% das intenções de voto, nas pesquisas. Luiz Novaes (PSDC), Eliane Cunha (PRP), Alexandre Furtado e Thelma Maria (PCO) não atingiram 1%.

No caso de um eventual segundo turno entre Denise e Cabral, a assessoria de imprensa de Crivella informou que o candidato apoiaria a juíza. O senador do PRB, no entanto, está confiante de que permanecerá na disputa e, neste caso, teria como aliada a candidata do PPS.

Numa reunião na casa do deputado Alexandre Cardoso (PSB), em maio deste ano, que contou com a presença de alguns dos atuais candidatos, teria ficado acertado, segundo uma fonte presente ao encontro, que quem passasse a um possível segundo turno, teria o apoio dos demais.

No evento teria ficado acertado que os postulantes ao governo se uniriam numa frente contra o candidato apoiado por Anthony Garotinho. Crivella, na ocasião sugeriu que os candidatos se unissem já no primeiro turno, com ele na cabeça da chapa, mas a idéia não foi aceita pelos outros. Também teriam participado do encontro o ex-governador do Rio Marcello Alencar (PSDB) e o deputado federal Rodrigo Maia (PFL).

Eduardo Paes, do PSDB, revela que os então pré-candidatos discutiram possíveis entendimentos, mas disse que não toca no assunto até o resultado das eleições. Vladimir Palmeira, do PT, por sua vez, citou Lênin ao dizer que "a política é análise concreta da situação concreta". "Estou confiante que chegarei ao segundo turno. Naquela reunião trocamos impressões políticas. Não houve acordo", disse Vladimir ao Valor. Milton Temer, do P-SOL, diz que não apóia "forças conservadoras de direita". "Se eles (Cabral, Denise ou Crivella) forem para o segundo turno, eu voto pelo estatuto da terceira idade e me retiro".

A corrida pelo Senado, no Estado, também está bastante acirrada. A diferença entre os candidatos Jandira Feghali (PCdoB), com 35%, que tem o apoio de Lula, e Francisco Dornelles (PP), com 27%, aliado do casal Garotinho, é de menos de 10 pontos percentuais, desconsiderando-se a margem de erro. Também concorrem ao Senado pelo Estado, Ronaldo Cezar Coelho (PSDB), Alfredo Sirkis (PV), Carlos César (PCO), Rosangela Gomes (PRB), Dayse Oliveira (PSTU), Arlindo Silva (PRTB), Antonio Manoel de Souza (PSL), Sued Nogueira da Silva (PT do B), Raymundo Oliveira (PCB), Arnóbio Bezerra (PTN), Ornisson Fernandes (PHS), Oswaldo Souza (PRP), Dr. Edialeda (PDT) e Irvanio Santos (PSDC).