Título: Liderança de Maguito é ameaçada em GO
Autor: Jayme, Thiago Vitale
Fonte: Valor Econômico, 29/09/2006, Política, p. A14

O PMDB de Goiás tenta desesperadamente impedir a repetição das últimas duas eleições. Em 1998 e 2002, os candidatos pemedebistas começaram a campanha com larga vantagem nas pesquisas mas perderam a corrida pelo Palácio das Esmeraldas. A dois dias das eleições, o candidato da legenda, senador Maguito Vilela, vê as pesquisas apontarem para um empate técnico entre ele e o governador Alcides Rodrigues (PP), candidato à reeleição, apoiado pelo ex-governador tucano Marconi Perillo. Ele chegou a ter uma vantagem tranqüila, com 54,7% das intenções de voto contra 14,6% do adversário, em pesquisa do Instituto Grupocom.

Na última pesquisa realizada pelo Ibope no Estado, o pemedebista tinha 41% contra 36% de Alcides, empate técnico, se levada em conta a margem de erro de três pontos percentuais. O candidato do PP assumiu o governo em abril no lugar de Perillo. O tucano é hoje o político mais forte do Estado, deixando para trás o PMDB. Governa Goiás desde 1998 e deverá estar no topo da lista dos senadores mais bem votados no país. As pesquisas o colocam com 72% das intenções de voto. Nas duas últimas eleições, foi o tucano que desbancou os pemedebistas. Em 1998, destronou o então imbatível Íris Rezende (PMDB), que já foi governador, senador e ministro pelo partido e hoje é prefeito de Goiânia. Em 2002, venceu Maguito - que já governara o Estado - no primeiro turno.

A realização de segundo turno, agora, está assegurada e é irreversível. As últimas pesquisas deixaram a campanha de Maguito em alerta. A proximidade da derrota tirou de casa até Íris Rezende, que acompanhava a eleição com distanciamento. "Nessa semana, estou de pé todos os dias das 5h até depois da meia noite", revelou Íris.

A tentativa é de balancear o uso da máquina da prefeitura com aquele feito por Marconi no governo. Os órgãos estaduais estão parados. O funcionalismo está nas ruas fazendo campanha para os tucanos. "Eu já esperava essa reação. A máquina administrativa toda trabalha para o Alcides", reconhece Maguito. Em reunião realizada na manhã de quinta-feira, presidentes de sindicatos de servidores prometeram "150 mil votos" a Alcides.

Além da máquina, Alcides conta com o prestígio de Marconi. O tucano é tão forte que Alcides só subiu nas pesquisas depois de conseguir colar sua imagem à do ex-governador. Nos dois principais jingles de campanha do candidato do PP o nome de Marconi é pronunciado nos refrões principais. Na mesma linha, o pepista conta também com a força dos agricultores e pecuaristas, irritados com a administração de Lula. Em Goiás, Lula e Alckmin estão empatados.

Apesar de saber que Lula não lhe puxa tantos votos no Estado, Maguito conta com o presidente, que foi a Goiás levar apoio ao pemedebista, para o segundo turno. "Ele me prometeu que viria quantas vezes eu precisasse", afirmou. O PMDB espera a visita de Lula já eleito no primeiro turno. "Como candidato, talvez ele não puxe tantos votos. Mas, como presidente eleito, estará muito forte", diz um assessor pemedebista.

Curiosamente, os dois principais candidatos foram mal no debate realizado na terça-feira pela Rede Globo. O senador Demóstenes Torres (PFL) e o deputado federal Barbosa Neto (PSB) se destacaram. Os dois apresentam-se como alternativa a Maguito e Alcides sem convencerem muito. Torres foi secretário de Segurança do governo tucano. Já Barbosa Neto filiou-se ao PSB recentemente só para se candidatar. Foi vereador, deputado estadual e federal pelo PMDB, de Maguito e Íris.