Título: Yeda tenta superar Olívio e ir ao 2º turno
Autor: Bueno, Sérgio
Fonte: Valor Econômico, 29/09/2006, Política, p. A15

A eleição para o governo do Rio Grande do Sul se encaminha para o segundo turno com o governador Germano Rigotto (PMDB), que disputa o segundo mandato, liderando as pesquisas de intenção de voto desde o início da campanha. A dúvida é quem será o adversário do peemedebista no dia 29 de outubro, embora os últimos levantamentos indiquem vantagem do ex-governador Olívio Dutra (PT) sobre a deputada federal Yeda Crusius (PSDB).

Rigotto vem afirmando que não tem preferência entre um adversário ou outro. Alguns partidários do governador, porém, acham melhor enfrentar Yeda, porque ela teria um "teto" para crescimento mais baixo do que Olívio e porque nesta situação parte do PT gaúcho tenderia a apoiar o governador. Outros, ao contrário, entendem que a tucana poderia ser beneficiada se ela e o presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB) chegarem ao segundo turno e que seria mais fácil formar uma "frente" de partidos contra o candidato do PT.

O jornal gaúcho "Correio do Povo" divulga hoje nova pesquisa, mas no levantamento anterior, publicado no dia 23, apontava uma vantagem de 4,3 pontos - dentro da margem de erro - de Olívio sobre Yeda (23,4% a 19,7%). No Ibope, divulgado por "Zero Hora", a margem a favor do petista era bem maior no dia 17, quando chegava a nove pontos (26% a 17%), mas os dois institutos registravam uma trajetória ascendente da tucana.

Apesar do terceiro lugar, um secretário do governo estadual considera "surpreendente" o desempenho de Yeda até aqui porque o PSDB é um partido sem grande expressão no Rio Grande do Sul. O problema é que nas últimas semanas a tucana enfrentou problemas financeiros que acabaram provocando a saída do coordenador de marketing da campanha, o jornalista e publicitário Chico Santa Rita, e de parte das equipes de produção dos programas de rádio e televisão por falta de pagamento.

A crise bateu em cheio no mote da campanha de Yeda, que enfatiza a sua condição de "economista" e a "competência" para enfrentar as dificuldades das finanças públicas do Estado, e foi explorada pelos adversários da tucana no último debate promovido pela Rede Globo. Além disso, nos últimos dias a deputada ainda teve que dar explicações sobre uma declaração feita em 2004 pelo candidato a vice na chapa, o empresário Paulo Afonso Feijó (PFL), que na época defendeu a federalização do Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul), um tema considerado "tabu" pelos políticos gaúchos.

Atacado constantemente por adversários por ter cancelado o contrato para a instalação de uma unidade da Ford no Estado durante seu governo (1999-2002), Olívio usou o último programa eleitoral na televisão para apresentar-se ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no comício realizado segunda-feira pelo PT em Porto Alegre. O petista afirmou que pretende governar "para quem mais precisa", destacou as ações sociais do governo federal no Estado e lembrou das medidas que adotou quando chefiou o Executivo.

O último programa de PSDB também se valeu da participação do candidato do partido à Presidência na tentativa de garantir uma vaga para Yeda no segundo turno. Segundo Alckmin, a candidata tucana pode levar o Estado a "ocupar o espaço que merece" na economia brasileira.

Rigotto, que usou como argumento de campanha os investimentos atraídos para o Estado durante seu mandato e o esforço promovido para enfrentar a crise das finanças públicas, preferiu despedir-se com o apelo ao "Rio Grande unido", que marcou sua eleição em 2002. Apesar da liderança nas pesquisas, o governador também pediu o empenho dos apoiadores e militantes até o dia da eleição.

Os demais partidos com candidatos ao governo estadual, como o PDT, PP e PSB, chegam ao fim da campanha para o primeiro turno bem atrás nas pesquisas. O PV dedicou os últimos dias para pedir votos na legenda e nos candidatos a deputado federal para tentar superar a cláusula de barreira e o P-SOL pediu votos para o fortalecimento do novo partido, independente de quem vencer as eleições no Estado.