Título: Decisão no Paraná pode ficar para 29 de outubro
Autor: Lima. Marli
Fonte: Valor Econômico, 29/09/2006, Política, p. A15

O governador licenciado do Paraná e candidato à reeleição, Roberto Requião (PMDB), pode ter que disputar o segundo turno no Paraná. Pesquisa Datafolha divulgada ontem aponta para realização de segundo turno no Estado. Requião teria 44% das intenções de votos se a eleição fosse hoje. A mesma porcentagem é registrada somando-se os resultados de seus concorrentes. As críticas de seus opositores por prática de nepotismo, má gestão no Porto de Paranaguá, promessas não cumpridas (como o fim do pedágio nas rodovias) e, mais recentemente, por ter em sua equipe um policial que foi preso acusado de grampear telefones de autoridades do Estado, não foram capazes de roubar a liderança que o pemedebista exibiu nas pesquisas desde o início do pleito. Mas, pesaram na reta final da campanha, segundo mostra o Datafolha.

O levantamento foi realizado nos dois dias seguintes ao debate realizado pela Rede Paranaense de Comunicação (RPC), transmitido no terça-feira (26). Requião caiu quatro pontos percentuais desde a pesquisa realizada no dia 20.

Em segundo lugar está Osmar Dias (PDT), com 28%. O senador subiu dois pontos. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos. Rubens Bueno (PPS) e Flávio Arns (PT) também subiram e registraram 10% e 5%, respectivamente.

Advogado e jornalista, Requião já foi governador do Paraná entre 1991 e 1994. Em 2002, contou no segundo turno com o apoio declarado do PT para virar a disputa contra o também ex-governador Álvaro Dias (PSDB), que havia sido o mais votado no primeiro turno. Desta vez, depois de ter frustrada a expectativa de manter a aliança com os petistas, ele tentou fazer coligação com os tucanos. A parceria foi vetada pela Executiva Nacional do PSDB, o que o forçou a mudar a indicação do vice. Em vez do presidente da Assembléia Legislativa e atual governador em exercício, Hermas Brandão (PSDB), cujo nome já estava estampado em material promocional de campanha, foi repetida a dobradinha com o atual vice, Orlando Pessuti.

O principal adversário de Requião nessas eleições é o senador Osmar Dias (PDT). Engenheiro agrônomo e agropecuarista, Osmar foi secretário da Agricultura do Paraná de 1987 a 1994, nas gestões do irmão Álvaro Dias e de Requião. Foi eleito senador em 1995 e reeleito em 2002. Desde o início ele contava com o apoio do campo para ganhar posições, mas perdeu tempo e votos ao viver um longo período de indefinições. Quando já era dada como certa a candidatura de Requião, ainda havia dúvida sobre qual dos irmãos Dias iria para a disputa. Depois Osmar enfrentou problemas de saúde, pouco antes do início da campanha.

Nova sondagem deve ser divulgada no sábado, já com os efeitos de uma das ações mais criticadas da campanha. Ao ver a imprensa e adversários tratarem das ligações de Requião com o policial civil Délcio Rasera, que foi preso por grampear autoridades, a coligação do candidato à reeleição pediu a quebra de sigilo telefônico de três jornalistas da "Gazeta do Povo", maior jornal do Paraná, e também de uma jornalista da "Folha de S. Paulo". Como o debate entre os candidatos realizado na terça-feira não trouxe nenhum fato novo, não deverá influenciar o resultado.