Título: Dilma acena com estímulos ao etanol
Autor: Sousa , Yvna
Fonte: Valor Econômico, 15/06/2012, Agronegócios, p. B12

A presidente Dilma Rousseff sinalizou ontem durante evento no Palácio do Planalto que o momento atual é propício para discutir o aumento dos estímulos do governo ao segmento de etanol. "É hoje um setor já com um nível de estruturação, em alguns casos, uma verticalização forte. É um setor que respeita os trabalhadores, que maturou, no que se refere a sua regulação. E agora eu acho que uma nova etapa se aproxima. Essa etapa é uma ampliação dos níveis de investimento. O governo federal é parceiro para isso", declarou.

Representantes da área sucroalcooleira estiveram ontem no Planalto em cerimônia de entrega de um selo que reconheceu 169 empresas de cana-de-açúcar por boas práticas trabalhistas. A certificação é fruto de um documento lançado em 2009 e negociado por governo, empresários e trabalhadores para melhorar as condições do setor.

Em discurso no evento, o presidente do conselho da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) e executivo-chefe da Bunge Brasil, Pedro Parente, pediu o encaminhamento de questões essenciais para a ampliação da produção do etanol. "Se a gente tem um diagnóstico e uma visão de futuro que são comuns, construir o caminho se torna mais fácil", declarou.

Parente explicou que o principal entrave para a ampliação da produção do biocombustível é o baixo retorno financeiro aliado ao alto custo para novos investimentos, como máquinas e aquisição de terras.

"O que nós estamos vendo hoje são usinas cujos investimentos foram decididos há três, quatro anos e não há decisão de novos investimentos à luz desse quadro", declarou. Pedro Parente ponderou ainda que as recentes medidas de incentivo à produção e estocagem feitas pelo governo resolveram apenas questões "muito específicas".

No contexto de realização da conferência ambiental Rio+20, Dilma aproveitou o evento de ontem no Planalto para fazer uma forte defesa do etanol como fonte de energia, e disse que o combustível é fundamental para consolidar a matriz brasileira como uma das "mais renováveis do mundo".

A presidente afirmou, ainda, que "não há quem consiga disputar com a produtividade" do etanol brasileiro. Lembrou que o produto já foi acusado de desmatar a Amazônia e de se valer de trabalho escravo. "Esse era um processo que nós sabíamos que decorria de práticas, eu diria assim, fraudulentas de competição. Havia uma acusação socioambiental contra nós".

De acordo com Dilma Rousseff, as iniciativas tomadas desde o governo Lula, como o zoneamento agroecológico da cana e o selo de boas práticas trabalhistas lançados ontem são uma demonstração do Brasil de que é possível produzir energia limpa "respeitando o meio ambiente e a legislação social".