Título: Bovespa cai 1,7% puxada por China e EUA
Autor: Zampieri , Aline Cury
Fonte: Valor Econômico, 17/07/2012, Finanças, p. C2

A reação negativa dos investidores às declarações e aos indicadores que reforçaram o ambiente de estagnação econômica global determinaram uma sessão de perdas para as bolsas em todo o mundo ontem, incluindo o Brasil. O Ibovespa caiu 1,71%, para 53.401 pontos, em sua quinta queda em seis pregões. O volume de negócios atingiu R$ 9,9 bilhões, inflado por um fator técnico, o vencimento de opções de ações.

As ordens de venda começaram pela Ásia, atravessaram a Europa e desembarcaram nos Estados Unidos. Na China, o primeiro-ministro do país, Wen Jiabao, afirmou que a recuperação da economia chinesa ainda não é estável e que a situação pode continuar difícil por mais algum tempo. Depois, o Fundo Monetário Internacional cortou a expectativa para o PIB global de 3,6% para 3,5%. E os Estados Unidos divulgaram que as vendas no varejo cederam 0,5% entre maio e junho, terceiro mês seguido de retração, o que não ocorria desde 2009.

Na bolsa brasileira, apenas 12 das 68 ações que formam o Ibovespa tiveram variação positiva. Dentre as mais negociadas, Petrobras PN caiu 1,02%, para R$ 19,35, e Vale PN recuou 1,37%, a R$ 38,78.

Entre as maiores quedas do dia, ficaram papéis de construtoras e do setor de energia. O Deutsche Bank rebaixou duas ações, com reflexos na bolsa: a PDG, que cedeu 6,9%, para R$ 3,10, e a OGX, que recuou 6,18%, indo a R$ 5,46.

No setor bancário, o Banco do Brasil teve depreciação de 2,44%. No começo do dia, o papel chegou a subir e a bater na máxima de R$ 19,27, numa reação ao programa de recompra de 50 milhões de ações, equivalente a 5,7% do "free float", lançado pelo banco sexta-feira. Mas o fôlego diminuiu ao longo da sessão, depois que a Fitch soltou relatório em que apontou que a instituição financeira estatal deve apresentar lucratividade menor que a dos grandes bancos privados do país, em um cenário de menores margens líquidas de juros.

Ainda no setor bancário, as ações PN do Cruzeiro do Sul voltaram a despencar na Bovespa, com baixa de 15,25%, a R$ 2,00. O banco afirmou em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que "não é possível precisar qualquer valor estimado de perda ou necessidade de ajustes na instituição e suas controladas".

As seguradoras também chamaram a atenção. O Credit Suisse rebaixou a estimativa de ganhos por ação das seguradoras Porto Seguro e SulAmérica. Segundo os analistas, a Porto tem receitas melhores e a ação está sendo negociada com um desconto de 20% em relação ao papel da concorrente. Os papéis ON da Porto Seguro subiram 0,18%, para R$ 16,53, enquanto as units da SulAmérica cederam 1,08%, terminanado cotadas a R$ 13,64.

No lado positivo, a BR Malls ON subiu 3,75%, para R$ 22,10. A empresa divulgou que as vendas totais subiram 22,5% no segundo trimestre de 2012, em comparação com o mesmo período do ano passado, para R$ 4,6 bilhões. As vendas no critério "mesmas lojas" (unidades abertas há pelo menos 12 meses) da companhia aumentaram 7% no trimestre.

O vencimento de opções, evento em que os agentes de mercado fazem os acertos de contas para apostas na alta ou na baixa dos papéis negociados, movimentou R$ 3,8 bilhões - ou 38% do giro total no dia - com amplo predomínio das opções de compras: R$ 2,4 bilhões contra R$ 1,4 bilhão. É que Vale e Petrobras, papéis que concentraram os negócios no vencimento de opções, acumularam valorizações desde o último vencimento, em 18 de junho.