Título: Líder do PT sugere que CPI repasse processo de Perillo à Assembleia de GO
Autor: Sousa , Yvna
Fonte: Valor Econômico, 18/07/2012, Política, p. A7

O líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA), defendeu ontem que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira remeta à Assembleia Legislativa de Goiás documentos que possam embasar processo de impeachment do governador Marconi Perillo (PSDB).

Ele disse que Perillo deveria receber um "remédio similar" ao aplicado ao ex-senador Demóstenes Torres, cassado por suspeita de utilizar seu mandato em benefício de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, que comandava esquema ilegal de jogos de azar com ramificações políticas e empresariais.

Para Pinheiro, a CPI já possui "elementos contundentes" que comprovam relação entre Perillo e Cachoeira e disse que o PT vai reforçar junto à Procuradoria-Geral da República (PGR) pedido de abertura de inquérito contra o governador no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

O líder petista afirmou ainda que não concorda com uma reconvocação de Perillo para a CPI, mas disse que não há consenso dentro do partido sobre essa estratégia.

"Ouvi-lo para quê, para ele repetir o que já falou?", questionou, referindo-se a relatório da Polícia Federal, revelado pela revista "Época, em que ficaria comprovado que Perillo recebeu dinheiro do esquema de Cachoeira em troca da liberação de recursos de contratos do governo de Goiás com a Delta.

O presidente nacional do PSDB, o deputado federal Sérgio Guerra (PE) saiu ontem em defesa de Perillo. Declarou que o partido tem "total confiança" em Perillo e que "não tem dúvida" sobre sua conduta.

"São denúncias absolutamente fraudulentas, equivocadas, sem conteúdo e não têm poder para comprometer quem quer que seja", declarou. "Essa história de ficar atirando no Marconi, de manhã, de tarde e de noite, é uma fraude".

Ontem, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) protocolou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira um requerimento pedindo a reconvocação de Perillo, que já depôs à CPI em 12 de junho. Na ocasião, ele negou ter relações com Cachoeira.

Os tucanos afirmaram que há uma "estratégia nítida" do PT para concentrar os trabalhos da CPI do Cachoeira no governo de Goiás, em uma tentativa de prejudicar o PSDB nas eleições e desviar as atenções do mensalão no Supremo.

Walter Pinheiro rebateu as acusações. "Não fomos nós que quisemos que o processo de Cachoeira viesse a coincidir com o julgamento do mensalão", disse. "Está dado o mensalão. Alguém acha que vai mudar o curso da história? Não há fato possa tramar contra o STF no sentido do julgamento do mensalão", disse.

O líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), apresentou levantamento apontando que o governo de Goiás repassou à Delta, entre janeiro de 2011 e julho deste ano, R$ 89,8 milhões. Segundo o tucano, foram pagas 18 parcelas regulares e que, portanto, não haveria relação entre a liberação do dinheiro e a venda da casa do governador.

De acordo com a reportagem da "Época", a Delta teria pago um "adicional" de R$ 500 milhões a Perillo durante a operação, o que garantiria o pagamento do governo de Goiás ao contrato da empresa.

Outro levantamento mostra que de 2003 a 2011, a Delta recebeu mais de R$ 7,4 bilhões da União e que deste total, cerca de R$ 1,4 bilhão (20%) foram destinados ao Rio, governado por Sérgio Cabral (PMDB), da base aliada do governo federal.

"Está explicado porque preferem requentar fatos já reprisados. Por que não querem convocar o governador do Rio?", argumentou Dias.