Título: Barros de Castro deve ser o vice de Mantega no BNDES
Autor: Vera Saavedra Durão
Fonte: Valor Econômico, 01/12/2004, Brasil, p. A5

O presidente do BNDES, Guido Mantega, voltou ontem de Brasília, onde esteve com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a nova diretoria do banco praticamente montada, faltando apenas ser conhecida a indicação de um nome pelo próprio presidente da República, segundo apurou o Valor. Em princípio, Antonio Barros de Castro deverá ser o vice-presidente e poderá acumular a área de Planejamento. Demian Fiocca será o homem da infra-estrutura, das Parcerias Público-Privadas (PPP). Carlos Gastaldoni, funcionário de carreira do banco mas que tem um posto no Ministério do Desenvolvimento, está sendo cogitado para pilotar a área industrial. Ele é indicado pelo ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan. Da gestão anterior foram mantidos Roberto Timótheo da Costa, acumulando área financeira com área de crédito, e Maurício Borges Lemos, que permanecerá à frente das áreas de operações indiretas e social. O BNDES-Exim poderá ir mesmo para a batuta de Armando Mariante, que teria a assessorá-lo Paulo César Ferracioli, que já trabalhou no Exim. Mantega demonstrou autonomia na indicação dos nomes de seus assessores mais diretos no BNDES. Dos seis diretores, apenas dois serão indicações de escalões superiores. Um, ainda desconhecido, da cota do presidente da República e outro, do ministro Furlan. É um ponto em favor de Mantega, visto por seus adversários como um conciliador pouco afeito a contendas. O ex-ministro do Planejamento já havia conversado com Timótheo e Lemos sobre a permanência deles no banco, antes mesmo de viajar para a capital federal. Apesar desse avanço, não há ainda data firmada para a transmissão de cargo no banco, pois o governo está em dúvida se o fará, pois teme "armar mais um palanque" para Carlos Lessa criticá-lo. A idéia da nova administração do banco é evitar que a instituição continue parada por conta da mudança de comando. Por isso, não há intenção de fazer grandes mudanças, como ocorreu com a administração passada. Também deverão ser feitos " restauros" em áreas consideradas mais problemáticas, como a social e industrial. Na primeira, deverão ser feitos ajustes capazes de torná-la mais eficiente, dando-lhe um novo desenho. O microcrédito, por exemplo, que ficou bloqueado por algum tempo, por problemas no repasse de recursos, terá ser reformatado. Mas, não será possível obter desempenhos aceitáveis nesta área sem ter uma comunicação mais eficiente com o Ministério da Fazenda, que libera os recursos oficiais. A nova gestão está disposta a prorrogar a medida de isenção do custo cambial dos financiamentos às grandes empresas, mantendo a correção dos créditos apenas pela TJLP. O banco pode fazer isto, pois hoje tem um casamento perfeito entre seus ativos e passivos. A medida ajuda bastante no desempenho do banco. No tocante à capitalização, fundamental para o BNDES continuar, por exemplo, financiando a Petrobras e outras empresas, como a Embraer, raciocina-se com duas alternativas. O governo federal vai ter de optar ou pela capitalização ou terá que flexibilizar as normas de Basiléia, que passariam a não valer para o BNDES. Isto exigiria mudanças no artigo 2844, do Banco Central, que determina que uma empresa não pode ter mais de 25% de seu patrimônio de referência emprestado a um só cliente. Se isto acontecer, o banco poderia ficar mais "alavancado" sem ocasionar nenhum risco sistêmico a economia brasileira, segundo avaliam especialistas. Para estes, a medida resolveria problemas do BNDES e permitiria ao Tesouro evitar impacto no superávit primário.