Título: Ex-diretores de Dnit e Dersa são prioridade da Comissão
Autor: Yvna Sousa
Fonte: Valor Econômico, 19/07/2012, Política, p. A9

O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), disse que a prioridade após o recesso será ouvir pessoas que já demonstraram interesse em dar novas informações sobre as atividades e ligações de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

Esse é o caso do ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antonio Pagot. Ele afirma ter sido afastado do cargo por contrariar interesses de Cachoeira e da Delta, braço empresarial do esquema. Outra pessoa seria Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, ex-diretor da Dersa, empresa responsável pela manutenção das estradas paulistas.

Os depoimentos de Pagot e Paulo Preto já foram aprovados e as datas devem ser marcadas ainda neste mês, de acordo com Vital do Rêgo.

A estratégia do senador é para evitar o esvaziamento da CPI durante o período eleitoral. A revelação de detalhes de como funcionava o esquema de Cachoeira seria um alívio para a Comissão, que tem sofrido com os depoentes que apresentam habeas corpus para garantir o direito de ficarem caladas e não produzir provas contra si.

Segundo balanço apresentado ontem por Vital, das 24 pessoas que compareceram à CPI, 13 não falaram. Nove prestaram depoimento integral e duas parcial.

Vital do Rêgo disse ainda que há 280 pedidos de convocações a serem apreciados e que "não tem requerimentos tratados como prioridades".

A declaração do senador é uma forma de afastar as acusações do PSDB de que as investigações da CPI estariam sendo direcionadas pelo PT. Após a suspeita de que o governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo, teria recebido propina de Carlinhos Cachoeira para liberar recursos de contratos do Estado com a Delta, alguns parlamentares cogitaram uma reconvocação de Perillo.

Na terça, a cúpula do PSDB fez um ato de desagravo em favor do governador e disse que os petistas querem utilizar a CPI para enfraquecer o partido nas eleições e desviar a atenção do julgamento do "mensalão" no Supremo Tribunal Federal (STF). O relator e o vice-presidente da Comissão, deputados Odair Cunha (MG) e Paulo Teixeira (SP), respectivamente, são do PT.

"A presidência [da CPI] vai conduzir para que a questão política não atrapalhe a eficiência dos trabalhos", declarou Vital.

O senador disse ainda que a investigação sobre a morte do agente federal Wilton Tapajós Macedo, integrante da Operação Monte Carlo, que deu origem à CPI do Cachoeira, é de responsabilidade da Polícia Federal.

Na terça, Wilton foi assassinado com dois tiros na cabeça enquanto visitava o túmulo dos pais em um cemitério de Brasília. O agente era do núcleo de inteligência da PF e de acordo com a família, vinha recebendo ameaças de morte.

Vital do Rêgo afirmou que será informado pela PF sobre o andamento das investigações. Se for provado que o crime tem relação com a prisão do grupo de Cachoeira, o caso poderá virar alvo da CPI. "Se houver algum tipo de envolvimento, nós haveremos de tomar as providencias necessárias", declarou.