Título: Consultas de crédito ao BNDES crescem 27% no ano
Autor: Saraiva , Alessandra
Fonte: Valor Econômico, 20/07/2012, Brasil, p. A4

Mesmo com a economia praticamente estacionada, as consultas de crédito ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) cresceram 27% de janeiro a maio deste ano, frente a igual período no ano passado, para R$ 92,5 bilhões, informou ontem o banco. Projetos de infraestrutura e relacionados à indústria fornecedora para a cadeia de petróleo e gás, como sondas de perfuração, continuaram a alavancar as consultas - primeiro passo para pedidos de empréstimo junto ao banco; e "termômetro" para medir interesse do empresariado em novos investimentos. Para o superintendente da Área de Planejamento do BNDES, Cláudio Leal, a fraca atividade econômica atual não abalou as perspectivas futuras de investimento da iniciativa privada. As consultas devem seguir em trajetória ascendente nos próximos meses, na avaliação de Leal.

Outro fator que deve colaborar para este propósito é a finalização, pelo BNDES, de condições para obtenção de crédito por meio do Programa Pró-Invest, no qual serão disponibilizados R$ 20 bilhões em empréstimos a 26 estados e Distrito Federal - recursos que serão repassados pelo banco. Este mês, o Conselho Monetário Nacional (CMN) autorizou ampliação para contratação de financiamentos de despesas de capital pelos Estados e Distrito Federal, conforme anunciado em junho pelo governo. O objetivo é elevar a capacidade de investimento dos entes da federação. Com as condições do Pró-Invest finalizadas, os estados entrarão oficialmente com novos pedidos ao banco, e assim ajudarão a elevar ainda mais o percentual de consultas frente ao ano passado, explicou Leal. "Esperamos um segundo semestre mais forte [em consultas]", afirmou Leal.

Ele salientou, no entanto, que a liberação de empréstimos do BNDES exige certo tempo. Por isso, o Pró-Invest não deve impactar de forma expressiva a previsão de desembolsos para este ano, que ainda devem ficar na projeção divulgada anteriormente, entre R$ 145 bilhões e R$ 150 bilhões, afirmou ele. "Mas podemos dizer que [os desembolsos] devem ficar mais próximos a R$ 150 bilhões do que de R$ 145 bilhões", acrescentou o superintendente.

O cenário favorável nas consultas não se refletiu, na mesma magnitude, em outras fases da operação de concessão de empréstimo. Apesar de elevação de 13% nos enquadramentos de empréstimos nos primeiros cinco meses do ano, fase seguinte à do pedido de consulta, e que somaram R$ 87,1 bilhões nos primeiros cinco meses do ano, as aprovações de financiamento atingiram R$ 56,1 bilhões, 12% inferior ao de janeiro a maio de 2011. Os desembolsos cresceram apenas 1% de janeiro a maio deste ano, ante igual período no ano passado, para R$ 43,8 bilhões.

Mas, segundo o superintendente, estes dados refletem uma fotografia do passado, onde o apetite da iniciativa privada por investimentos encontrava-se enfraquecido. Observou ainda que, no primeiro semestre do ano passado, houve liberações de empréstimos importantes para grandes projetos de infraestrutura, principalmente na área de energia elétrica. Isso, na prática, pode ter formado base de comparação excessivamente elevada para os desembolsos este ano, na análise de Leal.

Um ponto ressaltado pelo superintendente é o fato de que o desempenho do banco, até maio, não reflete o impacto da redução da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), de 6% para 5,5%, anunciada no final de junho pelo governo. A TJLP, lembrou ele, serve de referência para empréstimos do BNDES às empresas, e seu patamar menor vai ser um atrativo para novos pedidos de financiamento, disse Leal. "A redução da TJLP, além dos juros menores do PSI (Programa de Sustentação do Investimento) podem estimular os empresários a elevarem seus pedidos de consulta", resumiu.