Título: Chevron tenta retomar operação no Frade
Autor: Polito , Rodrigo
Fonte: Valor Econômico, 20/07/2012, Empresas, p. B7

A Chevron deve entregar no dia 27 à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) um cronograma para a retomada da operação no campo de Frade, na Bacia de Campos. A diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, ressaltou que não tem objeções para a retomada da produção pela companhia, mas frisou que, para retomar a perfuração na região, a empresa terá que apresentar uma análise de risco que leve em conta uma correlação não considerada na perfuração de novembro, quando um incidente provocou o vazamento de 3,7 mil barris de óleo para o mar.

Para Magda, a companhia poderia ter evitado o acidente se tivesse conduzido as operações em Frade "em plena aderência à regulamentação e em conformidade com as boas práticas da indústria do petróleo".

A diretora-geral da ANP disse que ainda há vazamento de óleo em Frade, com cerca de 35 litros diários sendo recolhidos por equipamentos submarinos.

No relatório da investigação sobre o incidente de novembro, que a agência reguladora divulga hoje no seu site, a ANP conclui, entre outras coisas, que a petroleira avaliou de maneira errada a pressão no reservatório, causou o aumento de pressão no reservatório, desconsiderou resultados de testes de três poços perfurados anteriormente, contrariou seu próprio manual de controle de poços, assentou uma sapata com pouca profundidade, o que acabou contribuindo para o vazamento pelo solo marinho e demorou a reconhecer a situação de risco.

A multa máxima para que pode ser aplicada à petroleira pelo primeiro vazamento em Frade - em março aconteceu um novo vazamento, de proporções menores - é de R$ 50 milhões, mas Magda admitiu que esse valor não deverá ser atingido, apesar de a empresa ter recebido 25 autuações, com valor máximo de R$ 2 milhões por cada uma.

"A gradação da pena depende de algumas coisas, como a capacidade econômica da empresa, reincidência e gravidade dos fatos", afirmou Magda. Como a Chevron não é reincidente, no caso do primeiro vazamento, o valor da multa deverá ser abaixo de R$ 50 milhões. O valor deverá ser calculado em 30 dias.

A petrolífera poderá recorrer da multa no âmbito da agência. O relatório isenta a Transocean, dona da plataforma de perfuração, de qualquer culpa.

Procurada, a Chevron afirmou que segue "as melhores práticas da indústria do petróleo" e opera em conformidade com o plano de desenvolvimento aprovado pela própria ANP. A companhia ressaltou que a resposta dada ao incidente seguiu os padrões da indústria e foi dada em tempo hábil. A petroleira frisou que o modelo de perfuração em Frade foi calibrado de acordo com todos os dados disponíveis.

"A Chevron utilizou corretamente os dados dos poços perfurados no campo para estabelecer os parâmetros para a modelagem do poço, de acordo com as melhores práticas da indústria. Os dados não indicaram que uma pressão menor deveria ter sido considerada", diz a empresa, acrescentando que a profundidade da sapata, de 600 metros abaixo do leito marinho foi "aprovada pela agência".