Título: Bolsa Família tem impacto irregular
Autor: Felício, César
Fonte: Valor Econômico, 02/10/2006, Política, p. A11

O efeito da Bolsa Família na eleição presidencial parece não ter sido tão decisivo quanto temia a oposição. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva venceu a eleição presidencial no primeiro turno em sete dos dez Estados onde o benefício atinge pelo menos 30% das famílias. No Maranhão, Estado mais atendido pelo programa, Lula vinha obtendo 74,65% dos votos o seu segundo melhor resultado regional, depois do Amazonas, onde o percentual de famílias que estão no programa é de 21,77%.

O presidente perdeu a eleição no Acre para o tucano Geraldo Alckmin, apesar do Estado ser governado pelo partido e ter 30,19% de suas famílias atendidas pelo programa. Fora da região Nordeste, é o principal beneficiado. Em Alagoas, onde 41, 28% das famílias estão no programa, Lula ficou com 46, 5% do total. E em Sergipe, onde o petista Marcelo Déda foi eleito no primeiro turno, Lula ficou atrás de seu correligionário, ao receber somente 46,5% dos votos. Das famílias sergipanas, 31,75% recebem o benefício.

Entre os nove Estados onde o número de beneficiados oscila entre 15% e 30% das famílias. Lula venceu no primeiro turno em cinco deles: Tocantins, Pará, Amazonas, Minas Gerais e Espírito Santo. Nos demais, o peso da Bolsa Família não foi suficiente para contrabalançar fatores como a crise do agronegócio exportador, como no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Roraima. No último, Alckmin obteve 60% dos votos e Lula, 25,81%, seu pior resultado em todo o país.

Nos oito Estados onde o Bolsa Família beneficia menos de 15% das famílias, Lula obteve maioria absoluta em apenas dois: Goiás e Amapá. Neste universo, sua menor votação proporcional foi no Paraná, onde conseguiu 31,8% do total e 14% dos domicílios contam com o benefício. Em Santa Catarina, o Estado com o menor índice de contemplados no programa, o percentual de votos em Lula foi de 33,1%.

O programa beneficia 11, 5 milhões de famílias e se concentra sobretudo no Nordeste. Foi a maior prioridade ao longo do governo Lula, que unificou os programas assistenciais criados no segundo mandato de Fernando Henrique e incluiu 2,5 milhões de novas famílias. Os nove Estados do Nordeste estão entre os dez mais atendidos do país pelo Bolsa Família. Nas regiões Sul e Sudeste, cinco dos sete Estados têm menos de 15% de suas famílias atendidas. (CF, colaborou Cibelle Bouças, de São Paulo)