Título: Governo insiste em adiar convenção
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Fonte: Valor Econômico, 01/12/2004, Política, p. A6

O governo continua fazendo gestos de reverência ao PMDB no intuito de amenizar o clima político e garantir o adiamento da convenção nacional do partido, marcada para o dia 12 de dezembro. O partido decidirá, nesta convenção, se permanece ou não na base de sustentação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, prestigiou ontem encontro da cúpula pemedebista com o governador do Amazonas, Eduardo Braga, que em breve deve deixar o PPS e assinar a ficha de filiação ao PMDB. Braga disse aos pemedebistas que entrará para o partido, mas apenas aguarda o momento mais adequado. Outro governador cujas tratativas de filiação estão em estágio avançado é Paulo Hartung, do Espírito Santo, que já deixou o PSB. Hartung também conversou ontem com o ministro das Comunicações, Eunício Oliveira, para discutir o ingresso no PMDB. Ambos os governadores estão dirimindo problemas locais para acertar a filiação. Tanto Hartung quanto Braga adotam discursos e posturas favoráveis ao governo Lula, o que auxilia a ala governista do PMDB. Rebelo também conversou com o presidente do Senado, José Sarney. Os ministros pemedebistas estão otimistas com a possibilidade de adiamento da convenção. Pelo estatuto do partido (artigo 66), somente a comissão executiva nacional, por decisão da maioria dos seus membros, pode convocar, adiar ou intervir na realização de uma convenção nacional. Pemedebistas negaram ontem que haja alguma mobilização no partido para afastar o deputado Michel Temer (PMDB-SP) da presidência do partido, substituindo-o pelo embaixador Paes de Andrade. Temer é um dos que está esticando a corda pelo rompimento com o governo. A ala governista do PMDB está segura de que tem maioria na Executiva Nacional, mas considera importante negociar o adiamento por meio do diálogo político. "O peso das bancadas vai contar muito para o adiamento", disse o ministro da Previdência Social, Amir Lando. O ministro Eunício Oliveira reiterou ontem que não há motivo para a realização da convenção. Segundo ele, o PMDB precisa acreditar na palavra do chefe da Nação. "Lula foi explícito: disse que precisa e quer o PMDB no governo", afirmou. Segundo Eunício, nenhum segmento do PMDB ganhará com a realização da convenção nacional. "Essa convenção vai oficializar fraturas e a divisão interna do partido, o que não interessa a ninguém. As duas bancadas (Câmara e Senado) vão pedir o adiamento", afirmou o ministro das Comunicações. (MLD)