Título: Disputa acirrada coloca Osmar Dias na corrida com Roberto Requião
Autor: Bueno, Sérgio
Fonte: Valor Econômico, 02/10/2006, Política, p. A14

O governador licenciado Roberto Requião (PMDB) e o senador Osmar Dias (PDT) se enfrentarão no segundo turno das eleições no Paraná. Durante quase todo o processo eleitoral as pesquisas apontavam vitória de Requião no primeiro turno. A uma semana da votação, no entanto, a disputa tornou-se mais acirrada. Na contagem final - 42,8% para o pemedebista e 38,6% para o pedetista - é possível prever uma campanha difícil nos próximos dias.

Quando foi votar no Colégio Estadual Júlia Wanderley, no bairro curitibano do Batel, Requião sequer admitia a possibilidade de um prolongamento da campanha. "Vamos vencer com quatro pontos de diferença sobre os outros", disse, ignorando a indicação de segundo turno das sondagens encomendadas pela Rede Paranaense de Comunicação e divulgadas no sábado pelo Ibope e pelo Datafolha. "Há pesquisas para todos os gostos. Prefiro aquelas que me dão vantagem consistente no primeiro turno", insistiu, ao ser questionado pela imprensa.

Osmar Dias votou em Maringá, interior do Paraná, e repetiu o que vinha dizendo nos últimos dias, que as eleições no Estado só seriam decididas em 29 de outubro. Logo na divulgação dos primeiros resultados parciais da apuração ele mostrou que tinha razão e chegou a aparecer com diferença de menos de um ponto percentual do adversário. Com o avanço da contagem os números ficaram mais parecidos com os das pesquisas, porém Osmar Dias teve desempenho superior ao previsto. Na última pesquisa estimulada do Ibope, que tinha margem de erro de dois pontos percentuais, o peemedebista tinha 43% das intenções de voto e o pedetista aparecia com 33%.

Antes mesmo do resultado final já havia especulação sobre as alianças que devem ser formadas a partir de agora, principalmente porque outros dois candidatos, Flávio Arns (PT) e Rubens Bueno (PPS), conseguiram, respectivamente, 9% e 8% dos votos. O apoio deles, portanto, pode fazer diferença. O petista, que mesmo com a derrota nas urnas comemorou com a família o nascimento de sua segunda neta, adiantou que ficará neutro na continuidade do pleito. Bueno informou que vai consultar a equipe sobre o assunto, mas o senador Osmar Dias conta com seu apoio. "Acredito que o Rubens vai estar ao nosso lado", disse, em entrevista à Rádio CBN.

A equipe de Requião evitou comentar o resultado, o que deve acontecer hoje. "Foi uma campanha em que o governo apresentou propostas e em que os adversários se resumiram a agredir", afirmou ontem pela manhã o candidato à reeleição. Conhecido por seus discursos contundentes contra o pedágio, a soja transgênica e a imprensa, o governador licenciado liderou as pesquisas mesmo com críticas constantes por promessas não cumpridas. Mas ele não contava com um escândalo na reta final, com a prisão de um policial civil que trabalhava para a Casa Civil do Estado, sob a acusação de grampear autoridades. Osmar Dias também envolveu-se em uma polêmica que envolve a compra de uma fazenda no Tocantins por valor maior que o declarado.

Requião é advogado e jornalista e exerceu o primeiro mandato de governador do Paraná de 1991 a 1994. Nas eleições de 2002 ele venceu Álvaro Dias (PSDB) - irmão do atual adversário - no segundo turno e voltou a ocupar o cargo em 2003. Osmar Dias é engenheiro agrônomo e agropecuarista e, antes de eleger-se senador em 1995, ocupou o cargo de secretário da agricultura do Paraná de 1987 a 1994. Com foco no homem do campo, ele conseguiu ontem mais de 50% dos votos em cidades do interior.

Para o governo os votos em branco somaram 3,5% e os nulos 5,5%. A disputa para o Senado também confirmou o que mostravam as pesquisas e o tucano Álvaro Dias foi reeleito. A surpresa ficou por conta do desempenho da petista Gleisi Hoffmann- mulher do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo -- que saltou dos 2% obtidos nas sondagens iniciais para 35%. Nas urnas ela conseguiu 45% dos votos e Álvaro ficou com 50%.