Título: Regra da Anac exige plano de emergência
Autor: Rittner, Daniel
Fonte: Valor Econômico, 02/10/2006, Brasil, p. A22

Definir um plano para gerenciar a crise em caso de acidentes costuma ser uma prioridade para as companhias aéreas, antes mesmo de elas começarem a operar. Entre outras coisas, as empresas são obrigadas a elaborar um plano específico de atendimento às famílias das vítimas, que deve ser apresentado à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

A Gol teve de acionar seu plano pela primeira vez na sexta-feira, diante da queda do Boeing 737-800 da companhia. A empresa destacou seu vice-presidente técnico, David Barioni, para atuar como "diretor de emergência" e coordenar a equipe de funcionários envolvida na crise.

Os planos de emergência mobilizam todas as áreas da companhia, desde a presidência e o setor técnico até o call center. Uma das áreas fundamentais durante a condução do plano, que pode inclusive auxiliar nas investigações, chama-se "Safety" e é responsável por toda a segurança do vôos e dos passageiros dentro das aeronaves. Em geral, a área jurídica também é imediatamente acionada, assim como o seguro - tanto das aeronaves, quanto das vítimas do acidente. Em cada um desses setores, a empresa já tem definidas quais pessoas serão destacadas.

No Brasil, todas as companhias aéreas devem ter um "Plano de Assistência aos Familiares das Vítimas de Desastre Aéreo", conforme definido pela portaria nº 19 (janeiro/ 2000), da Anac.

Segundo o regulamento, a empresa é obrigada a fornecer alimentação, hospedagem, assistência psicológica e médica às famílias das vítimas. A companhia também tem que disponibilizar um número de telefone exclusivo para atendimento e fornecer o transporte dos familiares ao local do acidente. A empresa deve elaborar uma lista com os nomes das vítimas, mas antes de divulgá-la é obrigada a avisar as famílias dos passageiros sobre o acidente.

"Por enquanto, a Gol está seguindo os procedimentos à risca", afirmou um técnico da Anac, que não quis ser identificado. Nos últimos três dias, familiares dos passageiros do vôo 1907 reclamaram da demora na divulgação de informações. A Gol disse, por meio da assessoria de imprensa, que só fornece informações depois que elas são confirmadas pelas autoridades para evitar erros.