Título: Analistas esperam saldo 15% menor em 2007
Autor: Landim, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 02/10/2006, Brasil, p. A24

O superávit da balança comercial brasileira deve encolher cerca de 15% em 2007. É um resultado folgado para as contas externas, mas, se confirmadas as estimativas dos economistas, será o segundo recuo consecutivo do saldo. Neste ano, as projeções apontam pequena queda entre 2% e 3%. Trata-se de uma reversão da curva ascendente do saldo comercial que vem desde 2001, quando o país reverteu um déficit de US$ 752 milhões em 2000 em um superávit de US$ 2,65 bilhões.

Para a Tendências Consultoria Integrada, o superávit da balança comercial deve atingir US$ 36,4 bilhões em 2007, queda de 15,3% em relação aos US$ 43 bilhões projetados para 2006. Já a Rosenberg & Associados estima um recuo de 12% - de US$ 43,4 bilhões, em 2006, para US$ 38 bilhões, em 2007. Em 2005, o Brasil atingiu o superávit recorde de sua história: US$ 44,7 bilhões.

É o fraco desempenho esperado para as exportações que explica as estimativas de redução do superávit. Segundo a Tendências, os embarques do Brasil para o exterior devem ficar em US$ 135 bilhões em 2007, uma modesta alta de 2,3% para os US$ 132 bilhões de 2006. Um pouco menos pessimista, a Rosenberg & Associados projeta exportações de US$ 143 bilhões no próximo ano, alta de 6% ante os US$ 135 bilhões estimados para este ano. Em 2006 em relação a 2005, as exportações brasileiras devem crescer mais: entre 11% e 14%.

Segundo Débora Nogueira, economista da Rosenberg, o resultado das exportações brasileiras em 2007 será prejudicado pelo menor crescimento do comércio global, que reduzirá a demanda pelos produtos manufaturados e os preços pagos pelas commodities vendidas pelo país. Depois de sucessivos aumentos das taxas de juros, os Estados Unidos devem crescer menos, afetando o resto do mundo. As estimativas apontam uma alta entre 2% e 2,5% para a economia americana em 2007, abaixo dos 3,5% estimados para 2006.

"O câmbio em um patamar apreciado também prejudicará as exportações, porque reduz a competitividade dos produtos", diz Guilherme Loureiro, economista da Tendências. Ele projeta dólar médio de R$ 2,13 em 2007 - o mesmo patamar deste ano.

As importações devem crescer em um ritmo mais forte do que o das exportações em 2007 - repetindo a performance deste ano. No entanto, os economistas também projetam uma perda de fôlego para as compras externas. A Tendências prevê alta de 10,8% para as importações brasileiras, passando de US$ 89 bilhões em 2006 para US$ 98,6 bilhões em 2007. Para a Rosenberg, as compras externas devem atingir US$ 105,2 bilhões, alta de 15% em relação aos US$ 91 bilhões estimados para o fechamento deste ano. É um ritmo inferior aos 20% a 25% de alta projetados para as importações do país em 2006.

"Os estímulos de renda e crédito devem arrefecer no próximo ano, o que significa menos demanda por produtos importados", diz Débora. Ao contrário do que ocorreu em 2006, um ano de eleições, os economistas não apostam em um reajuste expressivo para o salário mínimo em 2007. Os consumidores também devem se mostrar menos dispostos a contrair novos empréstimos, devido ao acúmulo de dívidas, o que deve reduzir o impulso do crédito para a economia.