Título: Vale estuda vender participação na CSI
Autor: Durão, Vera Saavedra
Fonte: Valor Econômico, 02/10/2006, Empresas, p. B6

A Vale do Rio Doce está estudando a venda de sua participação de 50% na California Steel Industries (CSI), siderúrgica instalada na Califórnia, na qual divide sociedade com a siderúrgica japonesa JFE. A notícia foi apurada pelo Valor com uma fonte não oficial. Consultada, a assessoria da Vale informou que a companhia não comenta a informação.

Em relatório onde analisa a operação de entrada da Vale no bloco de controle da Usiminas, o analista Rodrigo Barros, do Unibanco, faz uma avaliação deste possível negócio. Para ele, a Vale poderá se desfazer desse ativo pela mesma razão que estaria vendendo parte de suas ações na Usiminas. Ou seja: desinvestir para reduzir o mais rápido possível seu nível de endividamento após provável aquisição da Inco.

Segundo o presidente da Vale, Roger Agnelli, a compra da Inco pode acontecer até o dia 16 de outubro, data final para os acionistas da canadense ofertarem suas ações para a mineradora brasileira.

Com base em cálculos preliminares, Barros avalia que o valor da CSI é da ordem de US$ 600 milhões a US$ 800 milhões. Com a venda, a Vale poderia faturar US$ 300 milhões a US$ 400 milhões. A conta feita pelo analista para chegar ao valor total da empresa levou em conta preço de US$ 300 a US$ 400 por tonelada de capacidade instalada da usina da CSI.

Ele tomou como referência o preço de US$ 500 por tonelada, valor pelo qual a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) está pagando pela Wheeling-Pittsburgh, na parte a ser paga em dinheiro. A tonelada da WP é um pouco mais cara que a da CSI, porque ela produz aço bruto e o lamina, enquanto a CSI é apenas laminadora.

No relatório do Unibanco, a Usiminas é apontada como uma provável interessada na compra da participação da Vale na CSI, já que tem planos de construir uma nova planta para produzir cinco milhões de toneladas de placas de aço a partir de 2010/2011.

Neste caso, a aquisição da CSI atenderia a necessidade da Usiminas de ter colocação para sua capacidade adicional de placas nos próximos três anos, quando a nova planta começaria a operar. Ao mesmo tempo, abriria caminho para a internacionalização da siderúrgica através do mercado americano.

A principal questão na negociação, porém, como destaca Barros, é a sócia da Vale, a japonesa JFE. Antes de negociar a participação na CSI com qualquer interessado, a mineradora brasileira teria que oferecê-la primeiro à japonesa, que goza do direito de preferência neste caso. Barros acha difícil ver a Usiminas como provável parceira da JFE, devido à participação da Nippon Usiminas no seu controle acionário.

O problema, porém, estaria resolvido se se confirmarem as informações de que a JFE também estaria cogitando vender seus 50% na CSI. Segundo fontes do setor siderúrgico, a CSI não estaria atendendo mais o foco da gigante japonesa, cuja estratégia atual está mais voltada para produzir produtos de aço altamente sofisticados para suprir as necessidades de subsidiárias da indústria automobilística japonesa no mercado americano. A CSI é vista pelos japoneses como uma usina mais antiga, que estaria necessitando de modernização.

A usina da Califórnia Steel é a única fornecedora de aço na Costa Oeste dos Estados Unidos, produzindo cinco diferentes tipos de produtos: bobinas a quente, galvanizados, laminados a frio, laminados a quente e tubos soldados. A empresa conta com 1 mil empregados. No primeiro semestre de 2005, no pico dos preços do aço, faturou US$ 340 milhões. Este é o último dado divulgado no seu site.