Título: Senoplast vai construir fábrica no Brasil até 2010
Autor: Ambrosio, Daniela D´
Fonte: Valor Econômico, 02/10/2006, Empresas, p. B7

A Senoplast, fabricante austríaca de filmes plásticos, pretende construir uma fábrica no Brasil. A companhia, que já tem unidades fabris na Áustria e México, planeja entrar no país até 2010. A expansão internacional inclui também novas unidades na Rússia e China.

O investimento na fábrica, que provavelmente será em São Paulo, deve ser de aproximadamente 15 milhões de euros. Segundo o presidente da companhia, Wilhelm Klepsch, o mercado brasileiro tem grande potencial e servirá como base de exportação para outros países da América do Sul, como Argentina e Chile. Atualmente, esses países são abastecidos pela unidade austríaca. A Senoplast exporta 95% da produção de 42 mil toneladas.

A América Latina é um dos focos de investimento. Além da unidade no Brasil, a empresa está investindo 12 milhões de euros na unidade do México, construída há cinco anos em Queretaro.

Com faturamento de 158 milhões de euros no ano passado e 670 empregados, a Senoplast fabrica placas e filmes plásticos extrudados. Suas três principais divisões são as que abastecem as indústrias automobilística (com componentes para partes internas e externas de veículos), sanitária (banheiras) e moveleira (painéis para cozinhas). Mas a empresa também fabrica material para refrigeradores e banners de publicidade. Uma nova área que a companhia está investindo é a de cartões telefônicos e de crédito. No Brasil, desde abril, a Senoplast está desenvolvendo um projeto em parceria com American BankNote Company (ABN) para produzir num plástico especial para fabricação de passaportes eletrônicos.

A operação brasileira será mais voltada à indústria automobilística. Segundo Klepdch, a Senoplast pensa em procurar um parceiro. "Não descartamos a possibilidade de fazer uma parceria e uma das possibilidades seria a Volkswagen. "Já temos projetos com eles na Alemanha e a Volkswagen brasileira é mais flexível do que a alemã." Até o momento os grupos não começaram a conversar.

Este não será o primeiro investimento da Senoplast no Brasil. Há dez anos, a companhia austríaca entrou no país em sociedade com um empresário e montou a Valtap, com sede no Rio de Janeiro. Depois de cinco anos, porém, a Senoplast - uma empresa familiar - resolveu sair do país. "A experiência não deu certo por conta da sociedade e não do mercado", diz. "Agora se tivermos que ter um sócio, prefiro que seja grande. Mas vamos para o Brasil com ou sem parceiros."

A indústria plástica é uma das mais fortes da Áustria, especialmente a fabricação de máquinas, onde o país desenvolveu tecnologia de ponta para exportação e as empresas crescem a uma taxa média de 10% ao ano. Cerca de 60% das exportações do país - que no ano passado somaram 120 milhões de euros - são de máquinas especializadas na fabricação de plásticos, aço e papel.

A Cincinati, que faz máquinas para produção de PVC e tubos, pertence ao grupo internacional SMS está entre as quatro maiores do setor no mundo. Fatura 2,3 bilhões de euros e possui mais de 9 mil empregados. A empresa exporta 99% da produção e a América Latina recebe 6% do total. No Brasil, é fornecedora de grandes empresas, como Tigre, Brastubo e Amanco. Outra forte do setor é a Engel, que fabrica máquinas de injeção de plástico moldado. Deve fechar o ano com num faturamento de 600 milhões de euros. A América Latina representa 10% dos negócios e o Brasil é o principal comprador da região.

A maior indústria de plástico da Áustria é a Alpla, que produz embalagens de alimentos, bebidas e higiene. Está entre as únicas com grande presença na América Latina. Possui 15 unidades no México e quatro no Brasil - São Paulo, Rio de Janeiro, Louveira (SP) e Manaus (AM). As duas últimas entraram em operação em 2005. Com 95 fábricas em 30 países, a Alpla faturou 1,65 bilhão de euros em 2005. Na América Latina, a receita foi de 358 milhões de euros e no Brasil ficou perto de R$ 100 milhões. O Brasil é sede de um dos quatro centros técnicos que a empresa tem no mundo.

A repórter viajou a convite do governo da Áustria