Título: Fiat planeja expandir exportações do Brasil
Autor: Olmos, Marli
Fonte: Valor Econômico, 02/10/2006, Empresas, p. B8

A direção mundial da italiana Fiat quer que a subsidiária brasileira retome a exportação para a Europa, uma prática comum da montadora até meados da década de 90. A informação partiu de Luca De Meo, vice-presidente mundial da marca Fiat. "A operação na América do Sul é uma das mais importantes para nós", disse o executivo durante o salão do automóvel de Paris, aberto ao público no sábado.

Mas a companhia quer evitar que novos programas de exportação dependam unicamente da vantagem cambial, como aconteceu com boa parte do setor automotivo no Brasil a partir da desvalorização do real ao final da década de 90. Agora setor enfrenta problemas para manter as exportações justamente por essa dependência. Com a recente valorização do real, os fabricantes de veículos reajustaram preços e perderam contratos no exterior.

É possível, porém, traçar uma estratégia de exportação mais segura com o aumento da importação, afirma o presidente da Fiat do Brasil, Cledorvino Belini. No entender do executivo brasileiro, o volume de importações da montadora no Brasil deverá aumentar para poder garantir esse equilíbrio no comércio exterior.

Não é só isso. Para recuperar a vocação de exportadora para a Europa, continente de origem da empresa, a filial brasileira será preparada pela matriz para ser a produtora exclusiva de determinados modelos de carros.

Isso ocorria até o início dos anos 90, quando a Fiat era a maior exportadora de veículos do Brasil. Na época, o contrato com a Europa era garantido pelo modelo Fiorino, um pequeno utilitário. Mas a brasileira perdeu o contrato para a fábrica da Polônia, que passou a produzir o mesmo modelo.

No auge, a exportação da filial brasileira da montadora absorvia 40% da sua produção, quase o dobro de hoje. A Europa chegou a ser o destino de 60% das vendas externas da fábrica instalada em Minas Gerais. O volume vendido pela Fiat do Brasil ao exterior, incluindo a matriz na Itália, chegou a 250 mil veículos por ano. Em 2006 serão 100 mil unidades, volume semelhante ao do ano passado. De olho nas exportações, a montadora se prepara para elevar a capacidade da fábrica brasileira, que hoje é de 2,5 mil carros por dia.

A direção da montadora italiana começou a desenhar também uma estratégia para equilibrar a distribuição das importações e exportações nos principais mercados da América Latina. De Meo conta que irá ao México em breve para, junto com a direção da montadora no Brasil, preparar a diversificação da linha de produtos naquele mercado. O México, para onde já seguem os modelos Palio e Idea fabricados no Brasil, começará a importar também o modelo Punto produzido na Itália.

Maior operação da montadora fora da Itália, a filial brasileira da Fiat obteve receita de R$ 13 bilhões no ano passado.

A repórter viajou a convite da Anfavea