Título: Desemprego bate novo recorde no euro
Autor: Moreira , Assis
Fonte: Valor Econômico, 01/08/2012, Internacional, p. A13

O desemprego bateu novo recorde nos 17 países da zona do euro, e a inflação continuou inalterada em 2,4% em junho, indicando que o consumo continuará frágil na região combalida pela crise da dívida soberana.

Já no Japão, a taxa de desemprego caiu ligeiramente, para 4,3%, com criação de novos postos de trabalho no setor manufatureiro e na construção. Nos próximos trimestres, a situação do mercado de trabalho na economia japonesa tende a melhorar principalmente em razão da diminuição da população ativa, com aposentadoria da geração do boom de bebês do pós-guerra mundial. Comparada com o ano passado, a contração é de 0,5%, segundo o banco francês BNP Paribas.

Na Europa, as pressões crescem para o Banco Central Europeu (BCE) agir mais decisivamente contra a crise da dívida soberana e frear a deterioração da economia, em sua reunião desta quinta-feira.

O número de desempregados na zona do euro atinge agora 17,8 milhões de pessoas, número equivalente à população conjunta da Áustria e de Portugal.

A taxa subiu para 11,2% da população ativa, comparado a 10,2% em junho do ano passado. Em um ano, dois milhões de pessoas engordaram a fila dos sem- trabalho na união monetária.

Sem surpresa, as economias da periferia têm o pior desempenho. As taxas de desemprego subiram para 24,8% na Espanha, 22,5% na Grécia, 15,4% em Portugal e 14,8% na Irlanda.

Mas há também claros sinais de fragilidade em economias centrais. A taxa subiu na França para 10,2% em julho. E embora estatística comparável mostre que na Alemanha houve queda de 5,5% para 5,4%, dados nacionais apontam na verdade para o quarto mês consecutivo de alta do desemprego na maior economia do continente.

Pesquisas sinalizam diminuição das contratações, e o desemprego continuará aumentando. A renda das famílias europeias tende a sofrer baixa real e afetar mais o consumo já fraco.

Em junho, a taxa de inflação permaneceu em 2,4% anualizada, ligeiramente acima do objetivo de 2%, por causa de alta do preço do petróleo. Mas o aprofundamento da recessão e a capacidade não utilizada tendem a empurrar a inflação para baixo, podendo ficar em 0,7% no ano que vem, nos cálculos de alguns analistas.

Por sua vez, com as perspectivas econômicas continuando a se deteriorar, vários governos da união monetária terão dificuldades para cumprir os planos de ajuste fiscal. Os últimos dados mostram que a maioria dos governos dos 17 países do euro acumula déficits maiores no primeiro trimestre do que no mesmo período do ano passado.

A Irlanda foi o único país da periferia do euro a reduzir seu déficit. Grécia e Itália tiveram o pior desemprego. O governo grego continua enfrentando coleta de impostos menor do que a esperada.

Na Espanha, o governo revisou para o alto seu déficit, apesar de recentes medidas fiscais adicionais. Portugal, por sua vez, fez progressos no aperto das contas.