Título: Maluf obtém a segunda maior votação da história
Autor: Felício, César
Fonte: Valor Econômico, 03/10/2006, Política, p. A7

Com os quase 740 mil votos de anteontem, o ex-governador Paulo Maluf (PP-SP) bateu seu recorde de 1982 e passou a ser o segundo candidato mais votado da história das eleições legislativas, só atrás de Enéas em 2002, com 1,56 milhão. Neste ano, o rol dos dez mais votados apresenta um perfil diferente de há quatro anos. A ausência de petistas é um ponto a destacar. Em 2002, José Dirceu, Patrus Ananias e José Eduardo Cardozo ocuparam a segunda, terceira e oitava posições.

Alguns deles estão em ambas as listas: Jader Barbalho (PMDB-PA), teve 344.018 em 2002 e ficou em sexto lugar. Agora, com 311.526 votos, caiu para a oitava posição. Quarto colocado em 2002, ACM Neto (PFL-BA) também participa das duas listas. Teve 400.275 há quatro anos e anteontem obteve 436.966, mas caiu para a quinta posição. O recordista Enéas não repetiu o mesmo desempenho. Aparece em sexto, com 386.905 votos. Outra diferença em relação à lista de 2002 é a presença de novatos, como o estilista Clodovil Hernandes (PTC-SP). Foi o quarto mais votado, com 493.951 votos.

A se considerar os votos proporcionais recebidos em cada Estado, o campeão deixa de ser Maluf e passa a ser o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes (PSB-CE), que recebeu 16,19% dos votos.

Por sua vez, a lista dos que ficaram fora da Câmara é grande e tem a presença de grande número de petistas. A deputada Angela Guadagnin (PT-SP), por exemplo, que ficou conhecida pela "dança da pizza", viu desabar sua votação em quatro anos. Passou de 152.144 votos para 37.859. O presidente da CPI das Sanguessugas, Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), embora tenha aumentado seus votos de 42.207 para 55.509, não conseguiu se reeleger. O deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), que chegou a concorrer na eleição interna para a presidência da Câmara, teve reduzido à metade seu eleitorado, de 147.798 para 67.032.

Na Assembléia Legislativa de Rondônia, três dos envolvidos nos escândalos no Estado, deflagrados pela Operação Dominó da Polícia Federal, foram reeleitos. Um deles, porém, pode ter sua candidatura impugnada: Maurão de Carvalho (PP) foi preso sob a acusação de aliciamento de eleitores.

Entre os mais de 40 deputados acusados de participação na máfia dos sanguessugas que concorreram à reeleição, cinco conseguiram se reeleger: dois são do Mato Grosso, dois da Paraíba e o quinto de Minas Gerais. Entre os senadores apontados como participantes da operação, apenas Serys Slhessarenko (PT-MT) e Magno Malta (PL-ES) devem permanecer no Congresso Nacional. É que os dois foram eleitos em 2002 para um mandato de oito anos. Com cerca de 725 mil votos, o senador Ney Suassuna (PMDB-PB) não teve a mesma sorte. Foi derrotado por Cícero Lucena (PSDB), que teve 803,6 mil votos.