Título: Por enquanto, reformas poupam empresas brasileiras
Autor: Totti, Paulo
Fonte: Valor Econômico, 15/01/2007, Internacional, p. A10

Empresas brasileiras como as privadas Odebrecht e Usiminas e a estatal Petrobras não parecem, por enquanto, ameaçadas pelas reformas que o presidente Hugo Chávez pretende introduzir na Venezuela, durante o processo de preparação para o seu socialismo do século 21.

A Odebrecht, que atua na implementação de duas linhas do metrô de Caracas e já está para concluir as obras de construção de uma gigantesca ponte sobre o Rio Orinoco, apareceu citada na televisão do governo como empresa que, com a exportação de serviços e equipamentos financiada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), contribui para a integração entre Brasil e Venezuela. Uma reportagerm de dez minutos mostrou as obras da ponte sobre o Orinoco e entrevistou engenheiros brasileiros, que em razoável espanhol, explicaram seu trabalho e diplomaticamente elogiaram a operosidade dos operários venezuelanos sob sua supervisão.

A Petrobras, sem ser citada diretamente, foi incluída entre as estatais de "países irmãos" com que o presidente Hugo Chávez pretende manter ou estimular parcerias na exploração do petróleo pesado das novas reservas, "as maiores do mundo", descobertas na região do Orinoco. Em seu discurso de sábado na Assembléia Nacional, Chávez, disse que essas empresas estatais - citou também empresas da China, da Rússia e até do Uruguai - estão contribuindo com sua tecnologia para que o mundo se convença de que o óleo ali extraído "não é betume, mas petróleo verdadeiro e de alta qualidade". O tratamento dessas empresas será "preferencial", disse Chávez.

O novo ministro das Finanzas, Rodrigo Cabezas, desmentiu, por sua vez, que outra empresa da região do Orinoco, a Sidor, maior siderúrgica da Venezuela, esteja na relação das estatizáveis. A empresa foi privatizada em 1997, durante o governo do presidente Rafael Caldera, e a concorrência internacional foi vencida pelo Consórcio Amazônia, de que fazem parte, com 60%, a Usiminas do Brasil, a Siderar da Argentina e Sivensa da Venezuela. O governo detém 20% das ações e o restante pertence aos trabalhadores. "O governo já tem participação importante na Sidor", afirmou Cabezas.

A Sidor produz 4 milhões de toneladas de aço por ano, investiu, desde a privatização, a média de US$ 85 milhões anuais e, segundo o jornal de oposição "El Universal", participa de vários programas de interesse social na região em que opera. (PT)