Título: Petrobras tem US$ 5,6 bi para ganhar eficiência
Autor: Schüffner , Cláudia
Fonte: Valor Econômico, 31/07/2012, Empresas, p. B7

A Petrobras vai investir US$ 5,6 bilhões até 2016 para elevar a eficiência operacional de dezenas de campos maduros conectados a 31 plataformas na Bacia de Campos e que estão apresentando queda alarmante na produção. São ativos operados pela Unidade Operacional Bacia de Campos, uma das duas unidades criadas pela Petrobras para gerenciar a produção na região, responsável por 83% da produção da estatal no país. Segundo a companhia, o Valor Presente Líquido (VPL) da receita que será gerada por esses investimentos pode variar de US$ 1,6 bilhão a US$ 3,3 bilhões ao longo da vida útil dos projetos.

O objetivo da Petrobras ao lançar o Programa de Aumento da Eficiência Operacional da Bacia de Campos (Proef) é elevar o índice de eficiência da produção da unidade Bacia de Campos, que hoje produz cerca de 450 mil barris de petróleo por dia, para 90%. O índice em 2011 foi de apenas 71%, um dos mais baixos da história e inferior à média de 93% de outras unidades de negócios. O Proef não inclui ativos da Unidade Operacional Rio, que opera gigantes dessa bacia como Marlim Sul e Roncador.

É na Bacia de Campos que estão alguns dos campos marítimos de produção mais antigos em operação, como Namorado, Trilha e Enchova (que começaram a produzir na década de 80), mas também alguns gigantes como Marlim (que começou a produzir em 1985) e Albacora (1998). A empresa não informa quanto espera aumentar a produção de petróleo na área e mantém a meta de chegar a 2020 produzindo 4,2 milhões de barris de petróleo por dia no país.

A gerente-executiva de engenharia de produção da área de Exploração e Produção da estatal, Solange Gomes, prefere falar em redução da taxa de declínio da produção desses campos (chamada depleção), que estão em uma bacia já madura e onde é natural a queda da produção à medida que o petróleo e gás são extraídos. O que a Petrobras pretende controlar melhor é esse ritmo, para que aconteça de forma mais lenta. A estatal trabalha, historicamente, com declínio natural de 7% a 10% na produção de cada campo, mas a queda na Bacia de Campos surpreendeu.

No ano passado o Credit Suisse apresentou dois relatórios mostrando a queda da produção da Bacia de Campos com vários exemplos. A produção de um dos gigantes do país, Marlim, atingiu o pico em 2002 com 645 mil barris/dia, e a partir daí caiu uma média anual de 8% até o início de 2009. No segundo trimestre de 2011, a produção tinha caído dos 273 mil barris/dia verificados na média dos dois anos anteriores para 254 mil barris. Apenas em 2010 a queda foi de 21%, segundo o Credit Suisse.

Ao responder sobre as causas do declínio, Solange admitiu que a Petrobras, de certa forma, subestimou os equipamentos necessários para minimizar o ritmo. Os US$ 5,6 bilhões do Proef serão aplicados em várias frentes, incluindo a aquisição de novos equipamentos submarinos (alguns com projetos customizados que serão padronizados); a aplicação de produtos químicos para desobstruir linhas; e tubulações de transferência do óleo (a chamada desincrustação), em um total de 15 medidas. Também serão adquiridas mais três Unidades Marítimas de Manutenção e Segurança (UMS), capazes de encostar em plataformas e fazer reparos e trocas de equipamentos. Uma delas será licitada este ano.

Enquanto o ex-presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, atribuiu grande parte do problema à falta de sondas de perfuração na época, Solange acha que elas não foram um empecilho. Apontou falhas no planejamento que levaram a uma falta de equipamentos como guindastes e barcos de apoio.

"Quando você chega em um determinado nível de maturidade, a atividade passa a demandar muitos recursos de unidade marítimas de manutenção e segurança, muita atividade de sondas operando poços. Passa-se a demandar cada vez mais recursos físicos de manutenção. Efetivamente não houve um planejamento que acompanhasse essa demanda. [Tivemos] Um planejamento que não foi capaz de aportar, com a velocidade requerida, esse conjunto de sistemas."