Título: Usiminas encerra trimestre com perda de R$ 101 milhões
Autor: Ribeiro , Ivo
Fonte: Valor Econômico, 31/07/2012, Empresas, p. B9

"Estamos mudando toda a forma de operar a companhia", afirmou ontem o presidente da Usiminas, Julian Eguren ao comentar o resultado da empresa no segundo trimestre. O executivo, que assumiu o cargo em janeiro, foi trazido da direção da Ternium, controlada da Techint.

A Usiminas divulgou prejuízo líquido atribuível aos acionistas de R$ 101,7 milhões no segundo trimestre, ante lucro de R$ 111,6 milhões no mesmo período do ano passado. Os números são melhores que o esperado pelo mercado: a média dos analistas consultados pelo Valor indicava um resultado negativo em R$ 450 milhões.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) fechou em R$ 232 milhões, acima dos R$ 195 milhões projetados. A queda anual no indicador foi de 36,4%. Com a desvalorização do real, a Usiminas conseguiu vender produtos a preços maiores no exterior, dobrando seu faturamento fora do Brasil frente aos mesmos três meses de 2011, para R$ 820,5 milhões. A receita líquida de abril a junho subiu 6,6% na mesma comparação, atingindo R$ 3,22 bilhões.

Segundo Eguren, o resultado do segundo trimestre já é fruto da nova estratégia adotada na empresa, que visa melhoria dos custos, maior eficiência operacional, desativação de linhas de custo elevado e redução do capital de giro. "É uma combinação de diversos fatores que vamos continuar perseguindo nos próximos trimestres", afirmou o executivo. O custo dos produtos vendidos subiu 17,7%, para R$ 3,07 bilhões, enquanto as despesas operacionais caíram 20%, para R$ 159 milhões.

Entre as ações tomadas para melhorar a competitividade está a paralisação de equipamentos de baixa ocupação. Foram desativadas a coqueria 1 de Ipatinga, interior de Minas Gerais, o lingotamento contínuo 1 de Cubatão (SP), além de duas usinas de regeneração de ácido clorídrico e duas linhas de tesouras. Segundo a empresa, as medidas vão representar uma economia de aproximadamente R$ 50 milhões no ano às suas operações.

Além disso, entre abril e junho houve recordes de produtividade em Ipatinga, "atingindo picos de produção jamais registrados na história da companhia", segundo a empresa. Também contribuiu o desempenho de vendas: aumento de 19,3%, totalizando 1,9 milhões de toneladas, maior nivel desde o terceiro trimestre de 2008. Desse volume, 1,3 milhão foram no mercado interno. Frente à receita total, o exterior aumentou a fatia: de 13% para 25% (trimestre contra trimestre), com destaque para maior venda ao mercado asiático.

Ronaldo Seckelmann, vice-presidente de finanças e relações com investidores da empresa, informou que a Usiminas já fechou com seus credores novos covenants para sua dívida para o fim do ano. O novo indicador é de cinco vezes a relação dívida líquida sobre o Ebitda. No segundo trimestre, a empresa obteve um "waiver" dos credores, uma vez que os covenants foram quebrados. O indicador variou de 3,75 vezes a 3,90 vezes, conforme o critério acertado com cada um.

Segundo Seckelmann, com isso, a empresa obteve uma folga maior e importante para sua situação financeira. Ele disse que a empresa só voltará a níveis de 3,5 vezes a 3,75 vezes no primeiro semestre de 2013. A dívida líquida no fim de junho fechou em R$ 4,2 bilhões.

Figurinha carimbada entre as maiores baixas do Ibovespa desde abril, quando a empresa divulgou prejuízo de R$ 71 milhões, as ações da Usiminas voltaram a ser destaque no pregão de ontem, mas, desta vez, entre as maiores altas. Os papéis com direito a voto encerraram em alta de 6,48%, para R$ 8,05. Os papéis preferenciais, sem direito a voto, os mais negociados, vieram logo atrás, com 5,73% de alta, a R$ 7,01. O ânimo veio com um relatório do Goldman Sachs, que passou a recomendar a compra do papel.