Título: PT culpa imprensa por denúncias
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 03/10/2006, Política, p. A14

O coordenador da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marco Aurélio Garcia, criticou o papel de parte da imprensa na cobertura das eleições, o que teria facilitado a realização do segundo turno na disputa pela presidência da República. Para o coordenador, parte da mídia promoveu um "ataque pesado" nas 48 h que antecederam a eleição, e que, "se necessário", essa porção da mídia "será enfrentada".

Na opinião de Garcia, o PT sofreu um ataque pesado da mídia. "Não responsabilizo o conjunto da mídia, mas houve um ataque sistemático e que nas últimas 48 horas antes da eleição apresentou um elemento muito inquietante. A mídia ocultou informações sobre o vazamento feito pelo delegado, mesmo tendo manifestações específicas dele a respeito", disse o coordenador, em referência ao caso das fotos com o dinheiro do caso do dossiê contra tucanos.

Garcia frisou que os detalhes do vazamento chegaram às redações mas não chegaram aos leitores, internautas, telespectadores e ouvintes. "Não creiam que nós não percebemos, por mais sutis que possam parecer, o encadeamento de fatos com fotos e imagens de uma maneira deliberada. Editar não é esconder, cortar informações de extrema relevância num momento vital, como fizeram no caso do delegado. Há jornalistas que criticaram o governo quando este tentou impedir a divulgação das fotos, por entender ser esta uma maneira de interferir na eleição, na reta final, mas foram jornalistas que exerceram a censura em relação a vários fatos, inclusive no caso do delegado", disse Marco Aurélio.

O deputado federal eleito pelo Ceará, Ciro Gomes, defendeu a elevação do tom no segundo turno para rebater as acusações de corrupção feitas por PSDB e PFL, que, segundo ele, são responsáveis por alguns dos maiores escândalos represados na última década: compra de votos para reeleição, repasse de US$ 1 bilhão para o banqueiro Salvatore Cacciola, que está foragido na Itália, por conta do escândalo Marka Fonte Cidam e a "privataria" do sistema de telefonia brasileira.

Ciro foi irônico ao declarar que não chamaria Alckmin de "pilantra, ladrão, gângster ou chefe de quadrilha", só porque sua esposa Lu Alckmin recebeu 400 vestidos ou porque durante sua gestão no Bandeirantes houve 60 pedidos de CPI arquivadas por ação da base tucana. "Se eles quiserem discutir ética, falo por mim, não pelo presidente Lula, nós topamos". (PTL, com agências noticiosas)