Título: É preciso pensar estrategicamente na carreira
Autor: Campos, Stela
Fonte: Valor Econômico, 15/01/2007, Eu & Investimentos, p. D6

Pensar estrategicamente na carreira é um exercício de sobrevivência no cenário altamente competitivo de hoje. O executivo tem de ser questionador, inconformado e crítico consigo mesmo para não estagnar. E precisa ser meticuloso para pensar nos próprios passos- uma tarefa que é trabalhosa, mas que pode ser desenvolvida com algum esforço.

A experiência em recrutamento de executivos me dá subsídios para dizer, com folga, que a maioria das pessoas não planeja a própria carreira e se deixa conduzir pelos caminhos traçados por seus empregadores. Pode até ser confortável "se deixar levar", mas é bastante perigoso. Quem não tem qualquer planejamento fica mais vulnerável às intempéries do mercado.

O meu conceito de profissional bem preparado transcende a formação acadêmica sólida, a experiência em grandes empresas e a preocupação constante com atualização e especialização - tripé que compreende todas as características básicas esperadas de um grande executivo hoje. O profissional verdadeiramente competitivo sabe aonde quer chegar e tem uma boa noção do que é necessário para atingir esse objetivo.

Alguns questionamentos, e muita auto-análise, podem ajudar a dar um norte para carreiras que andam fora dos trilhos. A reflexão gira em torno das seguintes questões: onde estou? Aonde quero chegar? Como faço para chegar lá?

A primeira pergunta, que ajuda bastante a entender o passado recente e o presente da própria carreira, também pode ser colocada da seguinte forma: você se sente satisfeito na posição profissional em que está agora? Se não, por quê? Lembre-se: a sinceridade é fundamental para o sucesso nessa reflexão.

Outra questão importante: você sente que aprendeu coisas novas na empresa e/ou ramo de negócio em que trabalha? Tenha em mente que esse aprendizado envolve a bagagem cultural, conhecimento de mercado, ampliação da rede de contatos e exposição a situações pouco vivenciadas anteriormente.

O profissional que vive um cenário de estagnação certamente vai constatar que não está satisfeito com o próprio desempenho e que nada de relevante aprendeu nos últimos tempos. Em resumo, vai constatar que viveu um ano em cinco, em vez de ter vivido cinco anos em um.

Após analisar a questão "onde estou?", é hora de partir para as reflexões sobre "aonde quero chegar?" e "como faço para chegar lá?". Estas duas perguntas devem servir de bússola para qualquer planejamento de carreira. Afinal, quem não estabelece objetivos claros tem muitas dificuldades em conquistar o que deseja.

Saber aonde se quer chegar é, antes de tudo, uma questão pessoal. Nem todas as pessoas têm a pretensão de se tornarem superexecutivos ou presidentes de empresas- e não há nenhum problema nisso. O mais importante é ter clareza do que faz bem a você e à sua carreira. Afinal, quem abraça grandes desafios procurando grandes recompensas precisa ter consciência que o preço a pagar pela escolha também é bastante alto.

Se você já sabe aonde quer chegar, agora é preciso saber como é possível chegar lá- e esse é o coração do seu planejamento de carreira. Minha dica pessoal é: faça como os headhunters. Mapeie o mercado, conheça a fundo a área em que você atua (ou quer atuar) e procure saber quais são os perfis dos profissionais mais bem-sucedidos nela. Dotado dessas informações, você terá amplos subsídios para delinear seu plano de prospecção e ação em busca das oportunidades profissionais que mais lhe agradam.