Título: Ações enfrentam terceiro pregão de perdas na Europa
Autor: Katzumata , Suzi
Fonte: Valor Econômico, 25/07/2012, Finanças, p. C2

Os mercados financeiros internacionais vivenciaram ontem a continuidade do movimento de liquidação das ações e fuga para a segurança dos Treasuries, alimentada pelos temores relacionados à capacidade da Espanha se manter sozinha sem ajuda financeira externa e especulações sobre a necessidade de uma nova reestruturação da dívida da Grécia.

Pelo terceiro dia consecutivo, as bolsas da Europa fecharam em queda. Nem mesmo os dados positivos da China foram capazes de diminuir o clima de apreensão que tem dominado os mercados. Indicadores econômicos da região também puxaram as quedas. O IBEX 35, de Madri, teve forte perda de 3,58%, indo a 5.956,30 pontos. Foi a primeira vez desde abril de 2003 que o índice caiu abaixo dos 6 mil pontos. Em Londres, o FTSE 100 recuou 0,63%. O francês CAC 40 caiu 0,87%.

O DAX, de Frankfurt, teve perdas de 0,45%, para 6.390,41 pontos, após o PMI composto preliminar do país recuar para 43,7 em julho - o nível mais baixo em três anos - de 48,1 em junho.

Já as bolsas americanas reduziram de forma significativa as perdas no finalzinho da sessão, em reação a uma reportagem do "The Wall Street Journal" sugerindo que o Federal Reserve (banco central dos EUA) pode estar mais próximo de agir para dar suporte ao crescimento.

A reportagem do WSJ destacou que, desde o encontro de política monetária dos dias 19 e 20 de junho, vários membros do banco central americano deixaram claro em entrevistas, discursos e em depoimentos ao Congresso que consideram inaceitável o atual estado da economia dos Estados Unidos. A análise das declarações das autoridades do Fed, segundo o WSJ, sugere que muitos parecem cada vez mais inclinados a agir, caso não vejam em breve evidências de uma aceleração da atividade.

Resultado: em Nova York, o índice Dow Jones reduziu uma queda de quase 200 pontos para um declínio mais moderado, de 104,14 pontos, registrando baixa de 0,82%, aos 12.617,32 pontos. O S&P-500 recuou 0,90% e fechou com 1.338,31 pontos, enquanto o Nasdaq Composite caiu 0,94%, para 2.862,99 pontos.

Os recentes fracos indicadores econômicos divulgados nos EUA reforçam as expectativas dos investidores sobre uma ação do Fed no curto prazo. Contudo, esse raio de esperança em um dia predominantemente negativo não foi suficiente para mudar a dinâmica em outros mercados, como o de bônus americanos.

Os yields (taxa de retorno) das T-notes de 10 anos e dos T-bonds de 30 anos recuaram para novas mínimas históricas pelo segundo dia seguido, para 1,393% e 2,458%, respectivamente, refletindo a demanda dos investidores por ativos de segurança.

Até agora neste ano, os yields das T-notes de 10 anos - taxa de referência para os financiamentos ao consumidor e corporativos de longo prazo - acumulam queda de mais de 40 pontos-base, pressionados pelos crescentes temores de uma desaceleração generalizada da economia e desconfiança quanto à capacidade das autoridades europeias para conter a crise.

Além disso, O Tesouro americano vendeu em leilão US$ 35 bilhões em títulos de 2 anos, a uma taxa mínima recorde de 0,22%.

Entre as moedas, o euro caiu para nova mínima em dois anos frente ao dólar, para US$ 1,2042.