Título: Marilda, Antônio e milhões de brasileiros têm as suas razões
Autor: Sassine, Vinícius
Fonte: Correio Braziliense, 31/10/2010, Política, p. 10

Representantes dos perfis de quem vota em Dilma Rousseff e José Serra falam ao Correio sobre o porquê da escolha feita. Em ambos os casos, o desempenho de Lula e de Fernando Henrique contou na decisão

O duelo entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), radicalizado nas quatro semanas do segundo turno, escondeu os verdadeiros protagonistas da disputa presidencial. Em dias intermináveis de uma briga particular, entre dois grupos políticos que disputam o poder há 16 anos, os eleitores brasileiros foram colocados na condição de espectadores. Mais assistiram do que participaram das verdadeiras sabatinas a que foram submetidas as candidaturas petista e tucana. Quem, afinal, é o eleitor de Dilma que chega hoje às urnas para legitimá-la como presidente da República? Qual é o rosto do eleitor de Serra? Que perfil tem o brasileiro interessado na alternância de poder? O Correio conta a história de dois eleitores comuns que se encaixam nos perfis traçados pelas últimas pesquisas eleitorais e pelos votos depositados no primeiro turno da disputa presidencial. Os eleitores de Dilma são, em sua maioria, homens, da Região Nordeste, com renda inferior a dois salários mínimos e ensino fundamental completo. No Distrito Federal, a petista obteve a maioria dos votos em primeiro turno em Brazlândia e Planaltina. Serra é preferido pelas mulheres, tem a maioria dos votos na Região Sul e de eleitores com renda superior a 10 salários mínimos e ensino superior completo. Foi mais votado do que Dilma em Samambaia, no Recanto das Emas, no Lago Norte e na Asa Sul. O eleitor de Dilma cuja história é contada nesta reportagem mora em Brazlândia, está desempregado, constrói a casa própria e atende o pedido do presidente Lula para votar na candidata petista. A eleitora de Serra não se orgulha do presidente que tem, sente-se enganada por ter votado em Lula em 2002, acredita que o tucano vai frear a corrupção. A seguir, o que cada um deles pensa e como essas concepções influenciam os votos depositados, hoje, na urna.