Título: Cachoeira depõe na Justiça Federal
Autor: Magro , Maíra
Fonte: Valor Econômico, 24/07/2012, Política, p. A10

A Justiça Federal em Goiânia começa esta manhã as primeiras audiências do processo penal da operação Monte Carlo, que identificou uma rede de jogos ilegais com influências no poder público e privado. A previsão é que Carlinhos Cachoeira, denunciado como líder da "quadrilha", esteja presente hoje nos depoimentos das testemunhas de defesa e acusação. Para amanhã estão previstos os depoimentos do empresário e outros sete réus.

Pela primeira vez, Cachoeira deve falar sobre os fatos revelados nas investigações que respingaram até no Congresso. Segundo o advogado Augusto Botelho, o empresário deverá responder perguntas feitas por procuradores, advogados e pelo juiz Alderico Rocha Santos, da 11ª Vara da Justiça Federal de Goiás, que assumiu o processo depois que o juiz Paulo Moreira Lima recebeu ameaças e pediu afastamento.

As quatro testemunhas de acusação nomeadas pelo MPF são agentes da PF envolvidos na Monte Carlo. As testemunhas chamadas por Cachoeira já prestaram depoimento em outros Estados.

Ontem, Cachoeira passou por avaliações psiquiátricas solicitadas por seus advogados, que relatam que o empresário está deprimido e precisando de tratamento. Cachoeira foi transferido do presídio da Papuda, no entorno de Brasília, para a Superintendência da Polícia Federal em Goiânia. A defesa de Cachoeira, liderada pelo ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, já entrou com pedidos de habeas corpus em todas as instâncias da Justiça, mas não conseguiu a liberdade até o momento. Ontem, o presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministro Ari Pargendler, negou mais um pedido.

Cachoeira e outros 80 réus são acusados de formação de quadrilha armada, corrupção, peculato e violação de sigilo funcional. A ação foi desmembrada para que os oito réus que tiveram a prisão preventiva decretada sejam julgados primeiro. O MPF ainda irá oferecer denúncias acusando o grupo de contrabando na importação de máquinas de jogos, crime contra a economia popular e lavagem de dinheiro.

As audiências foram originalmente marcadas para maio, mas a defesa conseguiu suspendê-las. Desta vez, os advogados de Cachoeira voltaram a alegar que não tiveram acesso a informações úteis para os depoimentos, como detalhes sobre as escutas. Mas o juiz Alderico Santos entendeu que as informações já foram prestadas.

Além de Cachoeira, serão ouvidos os acusados Lenine Araújo de Souza, Idalberto Matias de Araújo, José Olímpio de Queiroga Neto, Wladimir Garcez, Gleyb Ferreira da Cruz e Raimundo de Sousa Queiroga. O oitavo réu, Geovani Pereira da Silva, está foragido.