Título: Copersucar monta estrutura fora do país
Autor: Scaramuzzo, Mônica
Fonte: Valor Econômico, 03/10/2006, Agronegócios, p. B12

Dentro de sua estratégia de se tornar uma trading e atender aos clientes finais, a Copersucar está investindo em infra-estrutura fora do Brasil. A maior cooperativa de açúcar e álcool do mundo aluga desde junho tanques no porto de Roterdã, na Holanda, para manter uma estrutura de estocagem de álcool no bloco para facilitar o escoamento do produto para toda a Europa.

Dos 530 milhões de litros que foram exportados pela Copersucar na safra 2005/06, encerrada em maio, 100 milhões de litros do produto já atendem ao mercado europeu. A expectativa é de que esses volumes negociados no bloco pela Copersucar cresçam. O porto de Roterdã, o maior da Europa, é considerado estratégico para a Copersucar, uma vez que é o principal corredor de escoamento para os países da União Européia.

"Estamos focando nossos negócios em grandes volumes", afirma Hermelindo Ruete de Oliveira, presidente da Copersucar. Desde que se desfez de seus negócios no varejo - com a venda da marca União no ano passado para o grupo Nova América -, a Copersucar tem como foco atuar na cadeia sucroalcooleira como um todo, segundo o executivo.

A prioridade da cooperativa é fechar exportações de açúcar e álcool com entrega no destino final. Atualmente, 45% das exportações de açúcar do grupo é na modalidade CIF (ou seja, com custos, frete e seguro inclusos). No caso do álcool, cerca de um quinto dos embarques também é CIF, mas essa participação deverá crescer nos próximos meses, afirma Paulo Roberto de Souza, diretor comercial da companhia.

Com faturamento de R$ 4,8 bilhões na safra 2005/06, as 30 usinas da Copersucar produziram cerca de 2,7 bilhões de litros, dos quais 530 milhões de litros foram exportados, e 3,34 milhões de toneladas de açúcar, com embarques de 2,4 milhões de toneladas.

Dentro desse plano de chegar até o cliente final, a Copersucar contrata o frete marítimo, assim como fazem as grandes tradings internacionais, para cumprir os seus contratos.

Segundo Souza, as exportações de açúcar (CIF) da Copersucar estão mais consolidadas. "É um mercado mais maduro", diz. A expectativa é de aumentar os volumes de exportação de álcool até o cliente final. Os volumes estocados em Roterdã somam cerca de 10 milhões de litros mensais, mas devem crescer à medida que a demanda aumente no mercado europeu. Na Europa, a Suécia é uma das maiores clientes da empresa.

Na semana passada, o prefeito da cidade de Roterdã esteve no Brasil com empresários holandeses para atrair investidores do país a Roterdã. Segundo Gerrit J. van Tongeren, vice-presidente executivo do porto holandês, os investimentos em infra-estrutura para álcool no porto vão crescer nos próximos cinco anos, com a forte demanda pelo combustível na UE.

Para açúcar, a Copersucar também está fechando contratos de longo prazo com seus principais clientes no Oriente Médio - um dos maiores importadores mundiais do produto.

No Brasil, a Copersucar encabeça junto com o grupo Cosan e a Unica (União da Agroindústria Canavieiro de São Paulo) um movimento para investir em infra-estrutura para o escoamento de álcool das principais regiões produtoras até os portos. O projeto é similar ao anunciado pela Transpetro, subsidiária da Petrobras, para a construção de alcodutos, mas com parte dos recursos da iniciativa privada. A companhia também mantém parcerias com ferrovias para o transporte de açúcar.

Poucos grupos no país fazem exportações CIF. A Crystalsev, que negocia a produção de 10 usinas do centro-sul, é um deles. A companhia exporta álcool CIF aos EUA. A empresa é sócia com a Cargill e a estatal Cassa em El Salvador de uma usina de desidratação de álcool para exportar o produto aos EUA. A companhia usa a estrutura da Cargill para estocar álcool nos EUA, segundo fonte da Crystalsev.